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A MODA DO BEBÊ REBORN
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 24/05/2025 07:30 • Atualizado 24/05/2025 10:52
Saúde

 Carinho de brinquedo ou apoio emocional?

 

Nos últimos anos, os bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos — conquistaram um espaço especial entre colecionadores, artistas e até profissionais da saúde. Feitos artesanalmente, com detalhes minuciosos na pele, cabelo e expressões faciais, eles parecem tão reais que muitas pessoas os tratam como verdadeiros bebês.

Mas o que está por trás dessa tendência?

E qual o impacto psicológico que ela pode causar?

 

Muito mais que brinquedos

Criados inicialmente como peças de arte colecionável, os bebês reborn rapidamente ultrapassaram o universo estético.

Hoje, muitas pessoas adquirem esses bonecos em busca de conforto emocional.

Psicólogos apontam que, para algumas pessoas, o reborn pode ajudar a lidar com traumas, como perdas gestacionais, solidão, ansiedade ou até o luto pela perda de um filho.

“A interação com o bebê reborn pode ativar sensações de cuidado e acolhimento, funcionando como uma forma simbólica de afeto e conexão emocional”, explica a psicóloga clínica Dra.

Marina Lopes. Em contextos terapêuticos, eles são usados inclusive em pacientes com Alzheimer ou em tratamentos de saúde mental, como apoio no resgate de memórias e sentimentos positivos.

 

Moda ou necessidade emocional?

Apesar de muitas vezes vistos como simples modismos ou excentricidades, os reborns representam, para algumas pessoas, uma forma legítima de expressão emocional.

Em redes sociais, há comunidades inteiras dedicadas ao tema, com pessoas compartilhando fotos, histórias e rotinas com seus bonecos — desde trocar roupinhas até simular cuidados de um bebê real.

Por outro lado, especialistas alertam que o uso excessivo ou exclusivo dos reborns para lidar com emoções pode indicar a necessidade de apoio psicológico mais profundo.

“É importante entender que o boneco não substitui relações humanas reais.

Ele pode ser uma ferramenta, mas não deve ser o único recurso emocional da pessoa”, reforça a Dra. Marina. 

Bebês Reborn: Moda, Terapia e Impactos Psicológicos

Os bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos — têm ganhado popularidade nos últimos anos, não apenas como itens de colecionador, mas também como ferramentas terapêuticas.

Feitos artesanalmente, com detalhes minuciosos na pele, cabelo e expressões faciais, eles parecem tão reais que muitas pessoas os tratam como verdadeiros bebês.

 

Uso Terapêutico: Benefícios Comprovados

Pesquisas indicam que os bebês reborn podem ser utilizados de forma terapêutica.

Um estudo apresentado no 10º Congresso Internacional de Envelhecimento Humano mostrou que a terapia com bonecos hiper-realistas pode auxiliar idosos com Alzheimer.

Como resultado, houve desenvolvimento de afeição, socialização e sentimento de utilidade que “resgatam a memória afetiva dos pacientes” .

Além disso, a psicóloga Angelita Traldi destaca o uso positivo do bebê reborn como ferramenta terapêutica.

“A terapia com bebês reborn pode ser aplicada em vários contextos, como, por exemplo, a terapia para lidar com o luto.

Nesse caso, ele pode ajudar as mães que perderam um filho a lidar com o luto e a processar suas emoções” . 

Atenção aos Limites: Quando o Apego se Torna Preocupante

Apesar dos benefícios, especialistas alertam para os riscos do apego excessivo.

O psiquiatra Daniel Barros explica que, na maioria dos casos, as pessoas que dão nomes e até documentos aos bonecos estão apenas brincando e não perderam o contato com a realidade.

No entanto, ele alerta que a situação se torna preocupante quando a pessoa passa a acreditar que o boneco é real.

“O problema está quando a pessoa coloca uma realidade que não existe, que ele [o bebê reborn] é realmente o seu filhinho e que ele precisa de cuidados” 

Além disso, comportamentos como trocar os relacionamentos com outros humanos pelo apego à boneca, deixar de cumprir responsabilidades do dia a dia para ficar com o brinquedo ou gastar muito dinheiro com bonecas e acessórios podem indicar um desequilíbrio emocional .

Os bebês reborn representam uma interseção entre arte, terapia e expressão emocional.

Quando utilizados com consciência e, se necessário, com acompanhamento profissional, podem oferecer conforto e auxiliar em processos terapêuticos.

No entanto, é fundamental estar atento aos sinais de apego excessivo que possam indicar a necessidade de apoio psicológico.

 

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