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Depressão: entenda porque é mais comum em mulheres
Espaço Mulher
Publicado em 27/08/2024

 

O índice de mulheres com depressão é duas vezes maior do que em homens

 

. Mas por que isso acontece? Neste Dia Internacional da Mulher, buscamos trazer algumas informações que ajudam a explicar a maior ocorrência do transtorno no sexo feminino.

As mulheres são mais propensas a sofrer de depressão no Brasil do que os homens. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a prevalência de depressão entre mulheres brasileiras é de 5,1%, enquanto entre os homens é de 2,6%. Isso significa que as mulheres são duas vezes mais propensas a ter depressão do que os homens.

 

A relação da depressão com os hormônios sexuais

 

A diferença entre homens e mulheres com depressão começa a se acentuar a partir dos 15 anos. Com a puberdade, tem início a produção de hormônios sexuais, que consequentemente acaba sendo um fator a mais na tendência à doença entre as mulheres.

 

Enquanto o organismo masculino produz um único hormônio sexual, a testosterona, as mulheres enfrentam uma bipolaridade hormonal

 

. Durante 14 dias do ciclo menstrual predomina o estrogênio, enquanto que nos outros 14 a predominância é da progesterona

 

.O estrogênio faz com que as mulheres fiquem mais alegres e ativas

 Entretanto, quando a produção desse hormônio cai, elas se sentem mais cansadas, nervosas, preocupadas, tristes e irritada. Isso ocorre próximo à menstruação, a conhecida TPM.

Processos inflamatórios no cérebro feminino propiciam o desenvolvimento de depressão

 

Outro fator que possui influência direta em no desenvolvimento da depressão é o nosso próprio cérebro. Um estudo realizado na Universidade na Califórnia, nos Estados Unidos, buscou explicar porque as mulheres têm duas vezes mais chances de desenvolver depressão. A pesquisa foi publicada em 2019 e investigou a fundo o cérebro de homens e mulheres para entender os mecanismos biológicos por trás desta proporção.

 

Um grupo de 115 pessoas foi analisado, sendo 69 mulheres e 46 homens. Os participantes foram separados em dois grupos. Metade ingeriu pequenas doses de endotoxinas, substâncias que promovem uma inflamação no cérebro de modo controlado. Enquanto isso, a outra metade tomou placebo.

 

A partir disso, duas horas depois de ingerir endotoxinas ou placebo, as pessoas tiveram que executar uma tarefa para testar o sistema de recompensa do cérebro. Com isso, a pesquisa buscou analisar como se comportava esse sistema, visto que ele é inibido em casos de depressão. O processo foi analisado por um aparelho de ressonância magnética funcional.

 

Com base no exame, os cientistas constataram que, nas mulheres que haviam recebido aquela substância inflamatória, a atividade do sistema de recompensas diminuiu. Entretanto, os cérebros dos homens e de todo o grupo placebo não sofreram alterações.

 

Como resultado, o estudo concluiu que mulheres com distúrbios crônicos inflamatórios podem ser mais vulneráveis a desenvolver depressão devido à redução da sensibilidade de recompensas.

 

Os fatores sociais levam a maior evidência de mulheres com depressão

 

Além disso, os pesquisadores Parker e Wilheilm analisaram que, além da influência hormonal, fatores sociais também contribuem para o índice de mulheres com depressão. Outro ponto é que, para os autores, a mulher sente, experimenta e manifesta a depressão de uma maneira mais direta

do que o homem. Sendo assim, as suas manifestações são mais facilmente detectadas nos instrumentos que medem a depressão.

 

Outra variável importante para o maior número de mulheres com depressão é que elas tendem a procurar mais os serviços de saúde do que os homens, por uma questão cultural.

 

A construção social faz com que o homem encare como fraqueza buscar um tratamento psicológico. Portanto, o sexo masculino muitas vezes utiliza outras estratégias de enfrentamento para exteriorizar comportamentos. Por exemplo, fazendo consumo de álcool e outras drogas. Em contraponto, as mulheres costumam interiorizar a tristeza de maneira padrão: retraindo-se, esquivando-se das situações sociais e chorando.

 

Depressão na Gravidez e Pós-parto

 

Os sintomas da depressão são mais frequentes durante o período da gravidez e puerpério do que em outras fases da vida da mulher. Isso porque, alguns aspectos ganham intensidade durante esse período e podem levar ao quadro da depressão. Entre eles estão a gravidez indesejada, a insatisfação na relação entre o casal ou estar solteira, solidão, baixo nível socioeconômico, antecedentes de aborto induzido e os outros antecedentes pessoais de depressão.

 

Mulheres com depressão durante a gravidez podem ficar incapacitadas de tomar decisões sobre seus cuidados de saúde e com o feto. Assim como na gestação, a doença pode afetar a relação da mãe com o bebê no puerpério. Neste caso, a mulher pode não conseguir estimular a criança de forma adequada ou até mesmo amamentar.

 

A depressão pós-parto é um transtorno bastante comum. Entre 6,8 e 10% das mães sofrem com depressão maior nesse período e 14 a 30% sofrem com depressão menor ou distimia. Com isso, as mulheres com depressão no período pós-parto podem demorar de duas semanas a três meses para apresentar os sintomas.

 

O neurocientista e psiquiatra Marco Antônio Abud explica, no Canal Saúde da Mente, que fatores podem contribuir para a depressão na gravidez e o que fazer quando a mãe estiver em tratamento antes da gestação:

 

Reflexo da depressão no ambiente de trabalho

 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é a segunda maior causa de incapacidade para o trabalho no mundo. São mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, que sofrem com esse transtorno.

 

Em alguns casos, o surgimento da doença pode estar até mesmo ligado ao ambiente de trabalho. Por exemplo, fatores como discriminação, assédio, muitas demandas e pressão podem ser agravantes para o surgimento da doença.

 

Como resultado, a depressão pode afetar o desempenho no trabalho. O paciente tende a apresentar lentidão e dificuldade de concentração e memória. Apesar de tudo, continuar as atividades normais pode ser importante para a evolução do tratamento.

 

Algumas estratégias podem ajudar a lidar com a depressão no ambiente de trabalho:

 

A saúde em primeiro lugar

 

Mesmo com a rotina atarefada, é importante ter a saúde em primeiro lugar. Tente fazer pausas para realizar alguma atividade física durante o dia. Busque reconhecer os sintomas e aprender como lidar com eles durante o expediente.

 

Não se cobre demais

 

É importante reconhecer o próprio progresso e limitação. Em dias de muito trabalho, procure focar nos aspectos positivos da sua função. A rotina no emprego pode ser uma aliada para a autoestima durante o tratamento.

 

Trace metas

 

Tenha metas e prazos realistas, levando em conta que a depressão torna difícil seguir o mesmo ritmo de uma rotina anterior ao transtorno. Organize sua agenda e faça listas do que é preciso priorizar. Tente manter a mesa e os arquivos organizados.

 

Procure ajuda

 

Em alguns locais de trabalho, a depressão ainda pode ser vista como um tabu e não ser compreendida. De qualquer forma, é importante conhecer os seus limites e procurar ajuda quando se sentir sobrecarregado. Peça auxílio a um colega ou converse com o supervisor.

 

Inovação no tratamento da depressão

 

A depressão é tratada com medicamentos antidepressivos e psicoterapia. A medicina tradicional utiliza o método de tentativa e erro para prescrever os fármacos e testa até que o paciente encontre a alternativa mais eficaz. Entretanto, pode levar anos até conseguir chegar no tratamento correto.

 

Finalmente surgiram novas alternativas para o tratamento da depressão. A medicina personalizada é uma tendência e busca analisar os perfis individualmente para indicar o tratamento. Com ela, desenvolveram-se os testes farmacogenéticos. Esses exames analisam como os genes do paciente interferem em fatores como metabolismo, resposta e toxicidade dos medicamentos. Com isso, é possível indicar quais fármacos tendem a apresentar maior eficácia para cada indivíduo.

 

A inovação facilita o trabalho dos médicos, que já partem com um estudo da predisposição genética para cada fármaco na hora de indicar o tratamento. O exame otimiza o tratamento, reduzindo o risco de efeitos colaterais  e aumentando as chances de uma melhor resposta do paciente.

 

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