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MULHERES COM DEFICIÊNCIA
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 29/07/2025 08:51
Espaço Mulher

 

 

  Inclusão, Acessibilidade e Autoestima“Ser mulher já é resistência. Ser mulher com deficiência é revolução.”

As mulheres com deficiência estão entre as vozes mais invisibilizadas da sociedade. Ainda enfrentam barreiras múltiplas: o capacitismo, o machismo, a falta de acessibilidade física, emocional e social — e, por vezes, o apagamento total de suas histórias e potencial.

Este post é um convite à escuta, ao acolhimento e à ação. Porque a luta por inclusão e autoestima de mulheres com deficiência é coletiva, urgente e transformadora.

 

♿ Identidade múltipla: mulher, com deficiência, e muitas vezes mais

 

Quando falamos em mulheres com deficiência, não falamos de um grupo homogêneo. Existem múltiplas identidades atravessadas por raça, classe, orientação sexual, tipo de deficiência e experiências de vida.

Ser uma mulher negra com deficiência, por exemplo, significa enfrentar o racismo, o machismo e o capacitismo simultaneamente. Essa sobreposição de opressões exige olhares interseccionais e políticas públicas específicas — que muitas vezes ainda estão longe de acontecer.

 

Barreiras ainda presentes

Apesar dos avanços em leis e diretrizes de inclusão, o dia a dia das mulheres com deficiência ainda é repleto de obstáculos:

 

 

Barreiras arquitetônicas: calçadas irregulares, prédios sem elevador, transporte público inacessível.

 

 

Barreiras comunicacionais: falta de intérpretes de Libras, materiais sem audiodescrição, ausência de acessibilidade digital.

 

 

Barreiras atitudinais: preconceitos, infantilização, hipersexualização ou negação da sexualidade e autonomia.

 

 

Barreiras sociais: exclusão no mercado de trabalho, falta de acesso à saúde reprodutiva, poucas oportunidades de estudo e lazer.

 

Esses bloqueios não são naturais. Eles são frutos de uma sociedade que ainda não entende deficiência como parte da diversidade humana, mas como limitação isolada da pessoa.

 

Autoestima: corpo, autonomia e representação

A autoestima da mulher com deficiência é constantemente impactada pela forma como a sociedade a vê — ou não a vê.

Muitas vezes, elas crescem sem referências positivas de beleza, sensualidade ou autonomia feminina com deficiência na mídia, na moda, no entretenimento. Isso precisa mudar.

Autoestima não é vaidade: é ferramenta de sobrevivência. Quando uma mulher com deficiência se vê representada, quando é respeitada e valorizada como é, ela se reconhece como sujeito de direitos — e não como um "caso social".

Falar sobre beleza, desejo, afeto e prazer é urgente. Toda mulher, com ou sem deficiência, tem o direito de amar seu corpo, de viver relacionamentos, de expressar sua feminilidade da forma que quiser.

 

Inclusão de verdade: o que ainda falta?

✔️ Educação inclusiva desde a infância — com professores capacitados e espaços acessíveis.

 

✔️ Representatividade na mídia — com personagens, influenciadoras, artistas e modelos com deficiência.

 

✔️ Acesso à saúde e direitos sexuais e reprodutivos — incluindo ginecologistas capacitados e atendimentos respeitosos.

 

✔️ Autonomia financeira — acesso ao mercado de trabalho com oportunidades reais.

 

✔️ Respeito à decisão, ao corpo, à fala e ao silêncio — a deficiência não tira a capacidade de consentimento.

 

Escute as mulheres com deficiência

Não existe inclusão verdadeira sem protagonismo. É fundamental que as mulheres com deficiência falem por si, ocupem espaços, liderem debates e definam suas próprias prioridades.

Ouvir essas mulheres, apoiar seus projetos, respeitar seus limites e valorizar suas potencialidades é um ato político e humano.

 

✊Uma revolução que se faz com cuidado

Incluir é mais do que abrir portas — é garantir que todas possam entrar, permanecer e florescer.

A luta das mulheres com deficiência por acessibilidade, dignidade e autoestima não é uma luta à parte: é uma causa feminista, social e urgente. E ela só avança com empatia, escuta e ação coletiva.

Se você é uma mulher com deficiência: saiba que você é forte, complexa, inteira — e merece ser tratada como tal.

Se você não é, mas quer ser aliada: ouça, aprenda, questione e transforme os espaços ao seu redor.

 

"Nada sobre nós, sem nós." — lema do movimento das pessoas com deficiência

 

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