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PERSONALIDADE LITERÁRIA: VIRGINIA WOOLF
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 26/05/2025 10:53 • Atualizado 26/05/2025 21:27
Literatura

 

1. Ela não se chamava Virginia

O nome completo da autora é Adeline Virginia Woolf (Stephen quando solteira).

Trata-se de uma homenagem à sua tia Adeline Maria Jackson e à sua tia-avó Virginia Pattle.

Dizem que o primeiro nome acabou não sendo usado pela própria família por causa de uma tragédia que resultou na morte da Adeline original.

 Porém, estudiosos dizem que a própria autora trocou Adeline por Virginia como um mecanismo de enfrentamento, uma espécie de rito de passagem para a maturidade.

Ela queria uma nova identidade, separada daquela que lhe lembrava da infância complicada.

 2. Sua primeira publicação escrita foi sobre as irmãs Brontë

Grandes escritoras inspiram outras a seguirem o seu caminho.

Nesse sentido, as irmãs Brontë foram uma forte influência na obra de Virginia Woolf, fazendo com que a primeira publicação dela fosse sobre as autoras vitorianas.

O ensaio “Harworth, November 1904”[Harworth, novembro de 1904] saiu no jornal inglês The Guardian em 21 de dezembro de 1904 e narrava a peregrinação de Woolf à casa das irmãs, onde foram escritas obras como O Morro dos Ventos Uivantes, Jane Eyre e A Inquilina de Wildlife Hall. 

3. Tinha uma meia-irmã confinada em um hospício

Embora os problemas psicológicos de Virginia Woolf tenham se tornado conhecidos, ela não foi a primeira da família a ser enviada para uma instituição psiquiátrica.

Isso aconteceu com sua meia-irmã, Laura Stephen, filha do primeiro casamento do pai.

E o motivo foi bem diferente dos problemas que atormentariam Virginia no futuro.

Apesar de ser filha do autor e editor sir Leslie Stephen e neta de William Thackery, autor de A Feira das Vaidades, Laura tinha sérias dificuldades de aprendizagem, era emocionalmente instável e foi considerada deficiente mental.

Sem os meios para educar uma jovem com esses desafios, o pai e a nova esposa, Julia Jackson (mãe de Virginia) a enviaram para o Earlswood Asylum, uma instituição psiquiátrica.

Laura permaneceu lá por quatro anos e depois foi enviada para uma casa com cuidadores particulares até sua morte, em 1945.

Isso era um tanto costumeiro naquela época: as famílias abastadas enviavam suas filhas “problemáticas” para alguma instituição de maneira bem discreta — ao ponto de amigos nem saberem da existência dessas familiares.

Os Stephen mantinham pouquíssimo contato com Laura, o que causou tensão nos demais irmãos, incluindo Virginia, que anos mais tarde seria internada diversas vezes. 

4. Possivelmente sofria de transtorno bipolar

Muitas análises já foram feitas em vida e postumamente sobre a saúde mental de Virginia Woolf.

Desde os 13 anos, após a morte da mãe, ela começou a sofrer com variações periódicas de humor, que iam de uma severa depressão a fases de agitação e mania, incluindo episódios psicóticos.

 Os psiquiatras da época tinham pouco a oferecer a Virginia em termos de diagnóstico e tratamentos, levantando diversas hipóteses, culpando sua educação “inapropriada para mulheres” e uma suposta fraqueza dos nervos, por exemplo.

Porém, especialistas de hoje em dia identificam um provável transtorno bipolar, desencadeado principalmente por tragédias pessoais (as mortes dos pais, abuso sexual) e possivelmente fatores genéticos também (o pai dela tinha depressão). 

5. Foi professora em uma escola noturna

Com a morte do pai em 1904, ela e os irmãos receberam uma herança modesta.

Hoje em dia a primeira opção que a maioria das mulheres vai adotar para se sustentar será arranjar um emprego, mas no início do século XX o plano habitual era conseguir um marido que fizesse isso. Mas não para Virginia, que, além de seu trabalho como jornalista, crítica literária e escritora freelancer, trabalhou como professora do período da noite para complementar a renda. 

Entre os anos 1906 e 1907, ela lecionou no Morley College, que oferecia aulas noturnas para trabalhadores

que queriam melhorar sua instrução.

Esse foi o seu principal e um dos únicos tipos de contato com o universo de pessoas com baixo grau de instrução.

É pouco provável que ela, que havia sido criada em um lar de intelectuais, teria trabalhado lá se não fosse pela morte do pai. 

6. Escreveu o romance biográfico de um cachorro 

As obras mais angustiantes e provocativas de Virginia Woolf, como Orlando e Mrs.

Dolloway, são também as mais conhecidas da autora. Mas seus trabalhos também envolviam histórias mais leves, como é o caso de Flush.

Esse livro experimental é narrado do ponto de vista do cachorro da poeta Elizabeth Barret Browning, que lealmente ficou ao lado dela durante doenças, romances e aventuras.

Embora hoje seja um trabalho praticamente esquecido da autora, na época o livro foi bem popular por amantes de animais. 

7. Participou de uma comunidade neopagã

No início dos anos 1910, Virginia Woolf morou em Firle e conheceu melhor o poeta Rupert Brooke

e seu grupo neopagão, que buscava um estilo de vida socialista, vegetariano e mais natural, ao ar livre e com direito a nudez.

Apesar de ter algumas ressalvas, a escritora se envolveu com as atividades do grupo por um tempo, fascinada pela inocência bucólica que contrastava com o intelectualismo cético ao qual ela estava habituada.

 

 

 

 

 

 

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