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ABRIL AZUL: AUTISMO
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 11/04/2025 11:31
Saúde

Ecolalia: conheça o distúrbio que afeta crianças com autismo

 

 

Durante o desenvolvimento da linguagem, é comum que algumas crianças reproduzam palavras, sílabas ou frases inteiras que ouviram recentemente ou que utilizem palavras aleatórias fora de contexto. Esse fenômeno, considerado essencial nesse período, é conhecido como ecolalia.

 

A ecolalia é um distúrbio de desenvolvimento da fala e da linguagem, caracterizado pela repetição em eco da fala. 

 

"A criança utiliza a ecolalia como forma de treino para se aproximar da fala do adulto no que se refere à articulação, à entonação e ao significado da palavra, ou seja, na busca por uma fala mais autônoma", explica a fonoaudióloga e psicopedagoga Andréa Cristina Cardoso.

 

 

A especialista, responsável pela área de Fonoaudiologia do Núcleo de Distúrbios de Aprendizagem do Hospital Sírio Libanês, explica a que interação social, associada à compreensão da linguagem verbal e à melhora quanto ao uso funcional da linguagem, favorece a diminuição da ecolalia até o seu desaparecimento.

 

Quais os tipos de ecolalia?

 

A ecolalia é um distúrbio que pode se manifestar de três formas diferentes, sendo elas:Tardia: ocorre quando a criança repete palavras muito tempo depois de ouvi-la, de modo que ela é empregada fora de contexto. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando a criança assiste um desenho e horas depois reproduz as palavras ou frases que ouviuImediata: ocorre quando elas repetem as palavras logo após de ouvi-las e, portanto, no contexto linguístico atualMitigada: ocorre em situações em que podem ser feitas modificações da frase ecoada, seja ela imediata ou tardia.

 

Por que isso acontece?

 

A ecolalia é um dos sintomas mais comuns em pacientes com Transtorno de Espectro do Autista (TEA), mas não é exclusivo deles. Cabe ressaltar que a ecolalia, na verdade, é parte normal no desenvolvimento infantil e pode se manifestar em qualquer criança.

 

Conforme alguns estudos apontam, a ecolalia imediata, em especial, sugere uma tentativa de comunicação, de forma que a repetição serviria para manter um diálogo com o outro.

 

Quando a ecolalia se torna um distúrbio?

Segundo a fonoaudióloga Andréa Cardoso, a ecolalia é considerada normal até, aproximadamente, 24 meses de idade quando ocorre de forma imediata.

 

 

Se após os 30 meses de idade a criança persistir no uso da fala ecolálica, especialmente de forma tardia, pode ser um sinal de alerta para quadros de Transtornos de Linguagem.

 

"[O comportamento] merece uma investigação especializada na área da Fonoaudiologia a fim de se estabelecer um diagnóstico diferencial e preciso, bem como a possibilidade de se realizar intervenção precoce", acrescenta a especialista.

 

Ecolalia e autismo: qual a relação?

 

O desenvolvimento atípico da linguagem é um dos aspectos mais observados em crianças com diagnóstico do TEA, um transtorno que, na maioria das vezes, não se manifesta de forma isolada.

 

Em 70% dos casos, crianças autistas apresentam outras condições associadas, como TDAH, ansiedade ou déficits de linguagem - e a ecolalia é um dos distúrbios mais comuns de pacientes que convivem com o TEA.

 

De acordo com Andréa Cardoso, a criança com TEA frequentemente utiliza a ecolalia como um dispositivo de comunicação.

 

 "[Ela] faz uso da repetição para confirmar um desejo como mecanismo de auto-regulação do comportamento (para se acalmar) ou ainda como meio de falar quando é incapaz de usar a fala autônoma", esclarece a fonoaudióloga.

 

Como é feito o diagnóstico da ecolalia?

 

O diagnóstico da ecolalia é feito através da análise de um especialista fonoaudiólogo que, levando em consideração a idade da criança, o tipo de ecolalia e outros fatores de saúde, como o autismo, pode indicar o tratamento adequado.

 

"Identificar qual é o uso e o tipo de ecolalia realizado pela criança precocemente permite ao fonoaudiólogo desenvolver intervenções específicas com o princípio de reduzir tal fenômeno e ampliar a função social da linguagem verbal, bem como orientar pais, educadores e demais profissionais envolvidos em cada caso", aponta Andréa Cardoso.

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