Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pulmão é o segundo tipo mais comum da doença em todo o Brasil (atrás apenas do câncer de pele não melanoma).
Desde o final do século XX, a doença é uma das principais causas de mortes evitáveis em todo o mundo. Atualmente, a estimativa para o Brasil é que a cada ano surjam cerca de 28 mil novos casos de câncer de pulmão.
Neste texto, vamos explicar mais sobre ela. Vale lembrar que em caso de dúvidas, o ideal é consultar a equipe médica que acompanha o seu caso.
O que é o Câncer de pulmão?
Câncer é o crescimento e a reprodução de células malignas, que ao se juntarem formam um tumor. Quando isso acontece no pulmão (seja do lado de dentro ou de fora), essa condição recebe o nome de câncer de pulmão, que é um dos tumores malignos mais comuns.
Vamos explicar melhor: quando as células saudáveis ficam expostas aos ou fatores de risco, elas podem sofrer uma mutação genética.
Essas células contaminadas irão crescer e reproduzir-se rápida e desordenadamente, o que fará com que as novas células também sejam contaminadas. Quando se unem, essa mesmas células doentes formam um tumor (câncer).
Se essas células malignas “viajarem” até outras parte do corpo, elas poderão se reproduzir nesse novo local e gerar outros tumores (metástase).
O câncer de pulmão é um dos mais graves, já que, aos poucos, pode comprometer a respiração da pessoa e assim conduzi-la facilmente ao óbito.
O principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão é o tabagismo.
Quem fuma tem 4 vezes mais chances de terem a enfermidade do que quem nunca tragou. Além disso, a chance de fumantes morrerem por causa dessa doença é 15 vezes maior em comparação com não fumantes.
Mas a doença também pode ser causada por outros fatores como a genética e a exposição frequente à substâncias químicas tóxicas (como agrotóxicos e metais pesados), além da poluição.
Quais são os estágios do câncer de pulmão?
Essa doença é dividida em 4 estágios, sendo que o 4º indica que enfermidade está mais disseminada. Saiba um pouquinho mais sobre cada um deles:
Estágio 1
Nesse estágio, o tumor é pequeno (medindo no máximo 3cm). Em grande maioria dos casos, o tumor ainda está localizado em seu lugar de origem e a melhor forma de tratamento é a retirada cirúrgica.
Estágio 2
Estar no estágio 2 da doença significa que o tumor está crescendo e possui chances de viajar para o restante do corpo, atingindo primeiramente os órgão e tecidos mais próximos.
Em grande parte dos casos, a cirurgia deve ser acompanhada de quimioterapia para evitar a progressão da célula cancerígena.
Estágio 3
O 3º estágio de câncer de pulmão é quando o tumor está avançado e volumoso. Aqui, a cirurgia já não é mais opção, isso porque não conseguirá dar conta sozinha.
Por isso, será necessário fazer outras formas de tratamento como quimioterapia e radioterapia.
Estágio 4
Esse é o estágio mais grave da enfermidade. O tumor já se espalhou para outras partes do corpo, podendo chegar inclusive até os ossos ou o cérebro.
Nessa fase, é comum que aconteça a heterogeneidade tumoral, ou seja, quando as células malignas sofreram mutação e acabam se tornando diferentes.
Isso dificulta muito o tratamento porque o mesmo remédio não irá funcionar em todas elas.
Cirurgias e alguns tratamentos visam, em geral, o controle dos sintomas. Assim, a radio e a quimioterapia ainda serão aplicadas, mas com menos frequência. Porém recursos da imunoterapia, um novo tipo de terapia, têm trazido novas perspectivas a esses casos.
Tem CID?
Um dos intuitos da Organização Mundial da Saúde (OMS) é levantar dados e monitorar a ocorrências de doenças ao redor do mundo.
Assim, criou-se a Classificação Internacional de Doenças (CID) que padroniza as doenças, os sintomas e as causas externas que levam ao aparecimento de cada enfermidade.
Atualmente, o câncer de pulmão está classificado na CID-10 como C 34, tendo as seguintes subclassificações:
C34: Neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões;
C34.0: Neoplasia maligna do brônquio principal;
C34.1: Neoplasia maligna do lobo superior, brônquio ou pulmão;
C34.2: Neoplasia maligna do lobo médio, brônquio ou pulmão;
C34.3: Neoplasia maligna do lobo inferior, brônquio ou pulmão;
C34.8: Neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões com lesão invasiva;
C34.9: Neoplasia maligna dos brônquios ou pulmões, não especificado.
Tipos: qual o câncer de pulmão mais comum?
Basicamente, o câncer de pulmão é dividido em 2 tipos. Entre 10% e 15% dos casos correspondem ao câncer de pulmão de células pequenas. Já o restante dos pacientes é afetado pelo câncer de não células pequenas. Cada um desses tipos possui formas distintas de desenvolvimento e tratamento.
Saiba mais sobre esses dois tipos de câncer de pulmão:
Câncer de pulmão de células pequenas
Esse tipo de câncer de pulmão atinge as vias aéreas centrais e é o mais agressivo com grandes potencialidades de conduzir a enfermidade a estágios metastáticos.
Câncer de pulmão de não pequenas células
Diferente do câncer de pulmão de células pequenas, o de não células pequenas se manifesta principalmente nas células epiteliais (do tecido).
Esse tipo de câncer de pulmão é subdividido em 3 categorias:
Adenocarcinoma:
o início desse tipo de tumor é nas células que revestem os alvéolos;
Carcinoma epidermoide:
esse tumor se desenvolve em células epideimoides, que revestem o interior das vias respiratórias;
Carcinoma de grandes células:
pode aparecer em qualquer parte do pulmão e seu crescimento é rápido.
Câncer de Pulmão Infantil
Na grande maioria dos casos em que uma criança é diagnosticada com câncer de pulmão, a doença é decorrente de uma metástase causada por outros tipos de câncer. Entre eles:Osteossarcoma (câncer no interior dos ossos); Nefroblastoma (câncer nos rins que atinge, em sua maioria, crianças); Hepatoblastoma (câncer de fígado, muito frequente em crianças com menos de 3 anos).
Por isso, pacientes pediátricos com essas enfermidades devem ser acompanhadas intensamente pela equipe médica para evitar que as células cancerosas (doentes) se espalhem e provoquem outros tumores.
Felizmente, a boa notícia é que as crianças têm mais chances de se recuperarem de todos os tipos de câncer, incluindo o de pulmão.
Isso porque as células saudáveis são mais novas do que as células de um adulto. O que permite que o organismo funcione melhor e se recupere mais facilmente.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 80% das crianças com câncer (de todos os tipos) conseguem curar-se se forem tratadas precocemente.
O que é câncer de pulmão metastático?
A metástase acontece quando as células doentes se espalham para outras partes do organismo.
Isso ocorre pois, quando o tumor cresce, ele acaba alcançando um vaso sanguíneo ou linfático. Então, soltam-se novas células doentes que vão deslocando-se pelo sangue, até estagnarem em algum lugar e voltarem a crescer novamente.
Embora a metástase possa acontecer com qualquer tipo de câncer espalhado, geralmente, o câncer de pulmão é resultado da metástase de outros cânceres, como tumores que se originam na mama ou na bexiga.
Qual a causa do câncer no pulmão?
A principal causa do câncer de pulmão é o tabagismo.
Ele é responsável por cerca de 85% dos casos diagnosticados da doença. Outro fator de risco relacionado ao câncer de pulmão é tabagismo passivo
(quando a pessoa não fuma, mas convive com fumantes e, assim, também acaba respirando a fumaça).
Quais os sintomas do câncer de pulmão?
Os sintomas de câncer de pulmão dependem do estágio da doença. Em graus leves, geralmente não há sintomas. Já em estágios moderados, os são tosse, cansaço, fraqueza, dor no tórax, falta de ar, perda de peso corporal e febre. O(a) paciente também pode apresentar
rouquidão, enjoos, perda de apetite e dores em outras partes do corpo (cabeça ou costas, por exemplo).
Conforme a doença avança, outros sinais como presença de sangue no catarro, bronquite ou pneumonia recorrente e perda de sangue podem ser notados. Saiba um pouco mais sobre os principais sintomas dessa doença e em caso de suspeitas, procure um(a) pneumologista.
Tosse
A tosse é um sistema de defesa natural para desentupir as vias aéreas de catarros ou agentes estranhos.
No caso do câncer de pulmão, ela pode vir acompanhada de sangramentos ou não, e geralmente é seca.
Em pacientes não fumantes, a tosse é um alerta vermelho se perdurar mais de 3 semanas sem apresentar melhoras.
Já se a pessoa for fumante, a frequência e a intensidade tendem a ser cada vez piores conforme a doença avança, tornando as crises de tosse crônicas.
Cansaço
O cansaço pode ser um sinal de que algo está errado quando ele não passa e nem alivia após o descanso.
Por exemplo, quando alguém está cansado, mas sadio, algumas horas de repouso são o suficiente para melhorar o quadro e recuperar as energias.
No caso do câncer, esse sintoma se manifesta desta forma: mesmo que a pessoa descanse, ela sempre terá a sensação de cansaço e fraqueza.
Esse sinais podem ser resultados de outros fatores como a perda de sangue que tende a deixar a pessoa com fadiga.
Comumente, o cansaço extremo é um sintoma que se manifesta enquanto o tumor ainda está se desenvolvendo.
Perda de peso
A perda de peso pode ser sinal de câncer quando é involuntária (quando a pessoa não fez nada para emagrecer) e significativa.
Por exemplo, perder 10 quilos ou mais de forma rápida e sem o auxílio de dietas ou exercícios físicos pode ser um sintoma de câncer ou outras doenças.
Perda de sangue
A perda de sangue é um sintoma em todos os tipos de câncer.
No caso do câncer de pulmão, é comum que haja presença de sangue quando o(a) paciente tosse, espirra ou assoa o nariz em situações mais agravadas da doença.
Febre
A temperatura elevada é outro sintoma que comumente se manifesta quando o câncer já está em estado metastático, ou seja, espalhado em outros órgãos e tecidos.
Câncer de pulmão dói?
Depende de cada caso. Em grande parte das situações, a dor é um indicativo que a doença já cresceu e possivelmente se espalhou para outras partes do corpo.
Geralmente os tumores em estágio inicial não provocam nenhum tipo de dor, o que dificulta a percepção do(a) paciente de que há algo errado.
O que pode desencadear a dor nos estágios iniciais da doença são outros sintomas como a tosse e os vômitos.
Mas, quando ocorre, os lugares mais comuns dos quais os(as) pacientes se queixam de dores são: tórax, costas, cabeça e articulações.
Como sei que estou com câncer de pulmão?
Antes de tudo, vale ressaltar que somente o(a) profissional de medicina, com o auxílio de exames apropriados, poderá fazer um diagnóstico preciso e correto da existência ou não do câncer de pulmão.
O(a) paciente, entretanto, tem o dever de procurar o auxílio desse(a) profissional quando manifestar os sintomas da doença, que podem incluir sangramento nasal com crises de tosse, dores no peito, rouquidão, dificuldade para respirar e febre recorrente.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de câncer de pulmão começa quando o(a) profissional de medicina suspeita dessa doença, conforme o relato do(a) paciente e dos sintomas apresentados.
Quando essa suspeita é levantada, é provável que seja feito um encaminhamento a um(a) profissional pneumologista.
A maneira mais comum de diagnosticar o câncer de pulmão é uma combinação de 2 exames de imagem, como o raio-X do tórax, e a tomografia computadorizada.
Dependendo do resultado dessa primeira avaliação, outros podem ser solicitados:
Broncoscopia
A broncoscopia também pode ser chamada de endoscopia respiratória. Esse exame permite ver a árvore traquebrônquica do(a) paciente e determinar o quão avançado está o tumor.
Qual a chance de cura de um câncer de pulmão?
Fatores como tipo de tratamento, estágio da doença e idade podem influenciar nas chances de cura do câncer de pulmão. O que se sabe é que quanto antes for feito o diagnóstico e o tratamento adequado iniciado, maiores são as chances de cura.
Após o diagnóstico, a estimativa de vida de uma pessoa com câncer varia entre 7 meses e 5 anos, caso ela não seja curada.
Nos casos mais leves da doença ou quando o tumor ainda está pequeno, há mais chances de cura, embora em quase a metade dos casos aconteça a metástase.
Em alguns casos mais graves da doença (principalmente quando o câncer está completamente generalizado ou a pessoa não responde as formas de tratamento) é comum que a equipe médica recomende somente os cuidados paliativos para trazer mais conforto e diminuir a dor do(a) paciente.
Quais as opções de tratamento?
O tipo de tratamento ideal para cada caso será decidido pela equipe médica que poderá optar por cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma junção de todos esses recursos.
Saiba um pouco mais sobre os principais tipos de tratamento do câncer de pulmão:
Cirurgia
A cirurgia é usada em casos leves ou quando o tumor é descoberto precocemente. Assim, ainda é possível removê-lo com um procedimento cirúrgico.
Já se a doença estiver em situações críticas, o mais provável é outras formas de tratamento sejam a recomendação médica.
Quimioterapia
Na quimioterapia são usados medicamentos antineoplásicos, que destroem células ou tumores malignos.
Os fármacos utilizados, o tempo de duração dos ciclos e de cada sessão devem ser determinados pelo(a) médico(a) que acompanha o caso.
O que se pode afirmar é que as sessões e os ciclos devem ser feitos com o menor intervalo de tempo possível para que haja mais chances de melhora.
Radioterapia
A radioterapia usa de radiação para destruir uma célula maligna ou impedir que ela cresça e se espalhe.
Durante a sessão de radioterapia, o(a) paciente não sente dor e nem consegue visualizar as ondas de radiação.
De uma forma geral, esse tipo de tratamento tem resultados positivos, podendo inclusive promover a cura da doença.
Imunoterapia
A imunoterapia (também chamada de terapia biológica) é um método que está mostrando-se eficaz no combate ao câncer de pulmão.
Em grande maioria dos casos, a terapia biológica é usada quando outros tipos de terapia não estão mais apresentando o resultado esperado.
Os remédios de imunoterapia são usados para ativar o sistema imunológico do(a) paciente e, assim, permitir que o próprio organismo reaja e a ajude a eliminar a doença.
Existem remédios para câncer de pulmão?
A função dos medicamento no combate do câncer de pulmão é impedir o crescimento e a reprodução de células malignas pequenas ou então não permitir que o tumor se espalhe para outra parte do corpo. O(a) médico(a) é a melhor pessoa para prescrever o remédio ideal para cada caso.
Entre as medicações recomendadas estão:
Alimta;
Giotrif;
Keytruda
Iressa;
Ofev;
Paclitaxel;
Tagrisso;
Tecentriq;
Xalkori;
Alecensa;
Evobrig.
Em geral, os preços desses remédios variam entre R$1.000,00 e R$40.000,00*.
Qual a sobrevida de uma pessoa com câncer de pulmão?
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a sobrevida após o diagnóstico de um câncer de pulmão é de cerca de 18%. Ou seja, após 5 anos do diagnóstico, em média, 18% das pessoas ainda estarão vivas.
O sexo da pessoa é um dos fatores que podem influenciar a estimativa. No caso do câncer de pulmão, as mulheres possuem mais chance (21%) de sobreviver do que os homens (15%).
Como prevenir?
A melhor forma de prevenir uma doença é, quando possível, evitar as suas principais causas ou fatores de risco.
Assim, as principais recomendações para prevenir o câncer de pulmão são: Não fumar e evitar inalar a fumaça do cigarro; Não se expor com frequência a materiais como chumbo, arsênio, níquel, urânio e entre outros; Fazer exames médicos (como raio-X toráxico) sempre que solicitado; Evitar a poluição do ar dos grandes centros; Não frequentar e nem habitar em regiões que sejam próximas a fábricas industriais que lidam com materiais como fertilizantes e metais pesados; Não consumir água com amianto.
Embora sejam muitos escassos, alguns estudos estão demonstrando uma pequena relação que pode exigir entre câncer de pulmão, sedentarismo e obesidade.
Sabe-se, até agora, que essas duas complicações são fatores de risco para outros tipos de câncer (como o de estômago).
Mesmo que as pesquisas demonstrem que não há nenhuma relação entre o câncer de pulmão, obesidade e sedentarismo,
praticar exercícios físicos e manter uma
dieta saudável (com legumes, frutas e verduras) são recomendações do INCA para prevenir todas as formas de câncer.
Narguile causa câncer?
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que fumar narguilé entre 20 e 80 minutos pode equivaler a mesma exposição à fumaça de 100 cigarros normais. Quando usado por longo tempo, o narguilé pode causar câncer de pulmão, boca e estômago, além de facilitar para que outras formas de câncer se espalhem (metástase).
A fumaça do narguilé contém várias substâncias tóxicas que variam conforme os aromatizantes, flavorizantes e filtros que são usados.
Entre os produtos mais comuns encontrados na fumaça estão chumbo, cobalto, arsênio, nicotina e monóxido de carbono.
Tais substâncias, quando inaladas frequentemente, tendem a provocar bronquite, asma, tuberculose, pneumonia, fibrose e embolia pulmonar, insuficiência respiratória, entre outras doenças e síndromes.
Além disso, ao compartilhar esse tipo de fumo com outras pessoas, corre-se o risco de contrair doenças que são transmitidas pela saliva (como a hepatite C, herpes e a tuberculose).
Em 2015, o Ministério da Saúde demonstrou a sua preocupação após a divulgação de uma pesquisa que indica que mais de 212 mil brasileiros consomem narguilé.
Jovens entre 18 e 29 anos foram a maior porcentagem (63%) dos pesquisados que admitiram que já fumaram.
O câncer de pulmão é uma doença que felizmente possui cura, embora o processo seja difícil.
Quanto antes ocorrer o diagnóstico, antes o tratamento correto será aplicado, aumentando as chances de sobrevida e recuperação.
A principal causa do câncer de pulmão é o tabagismo, ou seja, muitas mortes causadas por essa doença poderiam ser evitadas.
Em casos de dúvidas, consulte um(a) pneumologista ou oncologista.