Um estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmou a circulação do vírus mayaro (conhecido pela sigla MAYV) entre humanos no Estado de Roraima.
O vírus, transmitido por mosquitos silvestres, provoca a “febre do mayaro”, doença com sintomas semelhantes aos da dengue e do chikungunya – febre, dores no corpo, fadiga, além de dor e inchaço nas articulações. A descoberta sobre a circulação entre pessoas, inclusive na zona urbana de Roraima, acende um alerta para a possibilidade de disseminação pelo país.
Possível transmissão por mosquitos urbanos
Considerado um arbovírus – aquele que é transmitido por mosquitos -, o mayaro tem como vetor o Haemagogus janthinomys, mosquito conhecido por disseminar a febre amarela. Como contamos, ele está presente em áreas silvestres. Por isso, a contaminação de pessoas em cidades de Roraima (incluindo a capital, Boa Vista), levanta questionamentos sobre a possibilidade de outros mosquitos, desses que habitam as cidades, já estarem infectados com o mayaro e atuando como vetores – como é o Aedes aegypti, que transmite a dengue.
“Esse vírus pode estar circulando em áreas urbanas, eventualmente sendo transmitido por outros mosquitos, que não o Haemagogus. A gente não conseguiu saber qual [mosquito] neste estudo, mas acho que abre a perspectiva para explorarmos isso”, conta Módena.
Rafaela também destaca que a perspectiva de que o vírus esteja sendo transmitido por outros vetores é bastante preocupante e deve ser testada.
Impactos na saúde
A febre do mayaro é uma doença de difícil diagnóstico, por ser facilmente confundida com dengue e chikungunya. No entanto, em relação à dengue, o seu principal diferencial é a maior chance de causar dor e inflamação crônica nas articulações (quadros clínicos chamados, respectivamente, de artralgia e artrite. A condição afeta boa parte das pessoas com chikungunya.
A doença também causa outros sintomas capazes de afetar o bem-estar das pessoas infectadas. De acordo com o Ministério da Saúde, os principais são:
Febre: Com início súbito (de repente) e temperaturas entre 39°C e 40°C;
Dor: de cabeça, musculares e nas articulações;
Inchaço nas articulações (edemas articulares): sintoma que acomete cerca de 20% dos infectados;
Ocorrem, principalmente, nos pulsos, dedos, tornozelos e dedos dos pés.
Calafrios;
Dor atrás dos olhos;
Mal-estar geral: Fraqueza, cansaço e indisposição;
Erupção cutânea (exantema): manchas vermelhas na pele que aparecem, normalmente, a partir do quinto dia de sintomas;
Náuseas e vômitos;
Diarreia.
O quadro clínico agudo pode durar de uma a duas semanas.