
Na pequena vila de Pedras de Neve, todos aguardavam ansiosos a noite de Natal. As luzes já cintilavam nas janelas, o cheiro de biscoitos de gengibre percorria as ruas geladas e o coro infantil ensaiava canções que, só de ouvir, aqueciam o coração. Mas havia algo diferente naquele ano: a grande estrela que ficava no topo da torre da igreja — o símbolo mais querido da vila — não acendia mais.
Dona Alzira, a guardiã da torre, explicava a quem perguntasse:
— A estrela é antiga… talvez tenha perdido a força.
Mesmo assim, a vila inteira sentia como se faltasse um pedaço importante do Natal.
Entre os moradores estava Lucas, um garoto de dez anos, curioso e cheio de ideias. Ele sempre achou que a estrela tinha algo mágico — não por brilhar forte, mas porque, quando acesa, todos pareciam mais gentis. Determinado, decidiu que faria a estrela voltar a brilhar.
Na véspera de Natal, enquanto todos estavam ocupados com preparativos, Lucas subiu sorrateiramente a torre. Levava consigo uma lanterna, algumas ferramentas velhas do pai e um coração cheio de esperança. A neve caía lá fora, silenciosa, como se também esperasse algo acontecer.
Quando chegou ao topo, encontrou a estrela coberta de poeira e teias de aranha. Não era apenas uma peça metálica — havia pequenos cristais incrustados em seus braços, agora opacos. Lucas limpou pacientemente cada um deles, assobiando uma canção natalina para se animar. Mas, ao tentar ligar a fiação, percebeu que nenhum dos improvisos fazia a luz acender.
Por fim, sentou-se ao lado da estrela e olhou para a vila lá embaixo, todas aquelas casinhas iluminadas como se abraçassem o mundo inteiro. Uma vontade enorme de que tudo fosse perfeito naquela noite encheu seus olhos de lágrimas.
E então, algo aconteceu.
Uma brisa leve — embora fosse inverno — soprou sobre a torre. Os cristais da estrela brilharam por um instante, como se reconhecessem um desejo sincero. Lucas tocou um deles, e uma luz suave começou a se espalhar pelo interior da estrutura. Poucos segundos depois, a grande estrela explodiu em um brilho dourado tão intenso que iluminou toda a praça.
Lá embaixo, os moradores olharam para cima, surpresos e emocionados.
Dona Alzira murmurou:
— Eu sabia… ela só precisava de um coração que ainda acreditasse.
Quando os sinos anunciaram a meia-noite, a estrela continuava a brilhar — mais forte do que nunca. A vila inteira se reuniu em volta da torre, e Lucas, tímido, desceu para ser recebido com abraços e aplausos.
Naquela noite, Pedras de Neve entendeu: a magia do Natal não estava na estrela em si, mas no amor e na esperança que alguém era capaz de colocar nela.
E desde então, todos os anos, antes de acender a estrela, os moradores repetiam o mesmo ritual: fechavam os olhos e faziam um desejo — não para receber, mas para oferecer algo bom ao mundo.
Porque magia, descobriram, vive daquilo que a gente ilumina dentro do próprio coração. ✨