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CONTO NATALINO
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 02/12/2025 10:30
NATAL

 

⭐ A História do Pinheirinho Esquecido

 

 

Era uma vez uma grande plantação de pinheiros de Natal. Todos os anos, famílias inteiras iam até lá escolher a árvore mais bonita para enfeitar suas casas. Havia pinheiros altos, cheios, simétricos, com galhos perfeitos — verdadeiros modelos de revista.

E havia também…

 

um pequenino pinheiro torto.

Era baixo, tinha galhos falhados e seu topo se curvava como se estivesse sempre fazendo um “oi” tímido. Ele era diferente, e por isso, todos passavam por ele sem nem parar.

— “Esse não serve.”

 

— “Muito torto.”

 

— “Coitadinho… deixa ele aí.”

O pinheirinho ouvia tudo em silêncio. Cada comentário fazia seu coraçãozinho de madeira ficar um pouco apertado. Ele sonhava em ser escolhido, em brilhar com luzes coloridas, em ouvir risadas e músicas dentro de um lar. Mas todos os dias terminavam da mesma forma: só ele permanecia ali, sozinho.

 

A véspera de Natal

Na noite de 24 de dezembro, já bem tarde, um carro velho entrou devagar pela plantação. De dentro saíram um casal e três filhos. Eles estavam felizes, mas havia uma certa preocupação no ar — aquele ano tinha sido difícil, e o dinheiro era curto.

— “Precisamos encontrar uma árvore baratinha…” — disse o pai.

A família caminhou pelos corredores cheios, mas todas as árvores bonitas já tinham sido escolhidas. Restava apenas o pinheirinho torto, iluminado pela lua.

A menina mais nova se aproximou dele, devagar, como quem encontra um amigo abandonado.

— “Mãe, eu quero esse.”

A mãe se abaixou e olhou bem para o pinheiro.

— “Tem certeza, querida? Ele é… diferente.”

A menina sorriu:

— “Ele só parece triste. Se a gente levar ele pra casa, ele fica feliz.”

O pai suspirou, mas também sorriu.

 

E assim, pela primeira vez, o pequeno pinheiro sentiu alguém tocá-lo com cuidado. Ele tinha sido escolhido. Finalmente.

 

O lar que esperava por ele

Quando chegaram em casa, a família colocou o pinheirinho numa mesinha especial para que ele parecesse mais alto. A mãe ajeitou seus galhos com carinho, o pai firmou o tronco e as crianças correram pegar as caixas de enfeites.

Bolinhas pequenas cobriram as falhas.

 

Luzes coloridas esconderam os espaços vazios.

 

E no topo torto, colocaram uma estrela que parecia ainda mais brilhante por causa da curva do galho.

Quando ligaram as luzes, algo mágico aconteceu: o pinheirinho sentiu, pela primeira vez, que estava exatamente onde deveria estar.

 

Ele não era perfeito — e não precisava ser.

Naquela noite, ao redor dele, a família cantou, riu, abriu presentes simples e fez do pequeno pinheiro o centro do Natal.

 

O pinheiro que brilhou mais do que todos

E dizem que, naquela plantação, durante muitos anos depois, o espaço onde o pinheirinho ficava nunca mais pareceu triste. A história dele se espalhou, e muitas famílias começaram a escolher árvores “diferentes”, lembrando que beleza não está na perfeição, mas no amor que se coloca nelas.

O Pinheirinho Esquecido nunca mais foi esquecido.

 

Ele se tornou símbolo de que todo mundo tem um brilho próprio, esperando só alguém que enxergue.

 

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