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NA PSICOLOGIA: ESQUIZOFRENIA
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 19/09/2025 07:40
Setembro Amarelo

 

 

Esquizofrenia e Transtorno Esquizoafetivo: entendendo os delírios persecutóriosIntrodução

 

Delírios persecutórios — a crença firme de que alguém está perseguindo, espionando, conspirando contra ou querendo fazer mal à pessoa — são um sintoma que pode ocorrer tanto na esquizofrenia quanto no transtorno esquizoafetivo. Este post explica de forma clara o que são esses transtornos, o que são delírios persecutórios, como impactam a vida diária e que caminhos existem para tratamento e apoio.

 

O que são esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo?

 

Esquizofrenia é um transtorno mental crônico caracterizado por alterações no pensamento, percepções (alucinações), crenças fixas não assentadas na realidade (delírios), discurso e comportamento desorganizado, além de possíveis alterações no afeto e funcionamento social.

 

Transtorno esquizoafetivo combina sintomas psicóticos (como na esquizofrenia) com episódios de alteração do humor (depressão ou mania). Em outras palavras, há sobreposição entre psicose e transtorno do humor.

 

 

Ambos podem variar muito em intensidade, duração e apresentação individual.

 

O que são delírios persecutórios?

Delírios persecutórios são crenças falsas e persistentes de que se está sendo alvo de dano, perseguição, fraude ou conspiração. Exemplos:

 

 

“Meus vizinhos instalaram câmeras para me espionar.”

 

“A polícia está atrás de mim por razões que eu não entendo.”

 

“As pessoas no trabalho combinam para me sabotar.”

 

 

Essas crenças costumam ser muito convincentes para a pessoa que as tem, mesmo diante de evidência contrária, e geram medo intenso, desconfiança e isolamento.

 

Como os delírios persecutórios afetam a vida?

 

Relacionamentos: desconfiança pode romper laços familiares e amizades.

 

 

Trabalho/estudo: dificuldade de concentração, medo no ambiente e possíveis ausências.

 

Segurança: comportamentos de fuga, confrontos ou autoproteção excessiva.

 

 

 

Qualidade de vida: ansiedade, insônia, depressão e isolamento social são comuns.

 

 

Diferenças importantes entre os transtornos

 

Na esquizofrenia, os sintomas psicóticos tendem a ser centrais e persistentes.

 

 

No transtorno esquizoafetivo, além da psicose, há períodos marcantes de humor alterado (episódios depressivos ou maníacos).

 

O tratamento e o prognóstico são individualizados: algumas pessoas respondem muito bem a combinações de medicação e psicoterapia; outras precisam de apoio contínuo.

 

 

Tratamento: o que funciona

Medicação antipsicótica — é a base do tratamento para reduzir delírios e alucinações. A escolha do medicamento, dose e duração é feita por um psiquiatra.

 

 

Tratamento do humor (se necessário) — estabilizadores de humor ou antidepressivos podem ser usados no transtorno esquizoafetivo.

 

 

Psicoterapia — terapias como TCC adaptada para psicose ajudam a aprender a avaliar pensamentos, reduzir ansiedade e melhorar estratégias de enfrentamento.

 

Psicoeducação e reabilitação psicossocial — ensino sobre a condição, habilidades sociais, apoio para emprego e vida independente.

 

Rede de apoio familiar e comunitária — grupos de apoio, serviços comunitários e suporte familiar são cruciais.

 

Emerências psiquiátricas — se a pessoa está em risco para si ou para outros, procurar emergência ou serviço de saúde mental imediatamente.

 

Como ajudar alguém com delírios persecutórios

 

Ouça com calma e sem confrontar a crença (dizer “isso não é verdade” raramente ajuda). Valide sentimentos: “Vejo que isso te assusta” — sem confirmar a ideia persecutória.

 

Mantenha limites seguros e ofereça apoio prático (acompanhar na consulta, ajudar com transporte).

 

Incentive avaliação profissional — um psiquiatra/psicólogo pode avaliar e propor tratamento.

 

Evite discussões prolongadas sobre a realidade do delírio; foque em aliviar medo e angústia.

 

Proteja sua própria segurança: se houver comportamento agressivo ou risco iminente, busque ajuda profissional imediata.

 

 

Combate ao estigma

Pessoas com diagnóstico de esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo enfrentam muito preconceito. Informar-se, usar linguagem respeitosa (p.ex. “pessoa com esquizofrenia” em vez de termos pejorativos), e ouvir experiências pessoais ajuda a reduzir o estigma e promover inclusão.

 

Quando procurar ajuda

 

Procure um profissional se:

 

  • Delírios/alucinações aparecem e atrapalham o dia a dia;
  • Há mudança brusca no comportamento, sono ou alimentação;
  • A pessoa demonstra risco de se ferir ou ferir outros;
  • Família ou amigos percebem isolamento intenso, perda de funções ou angústia crescente.

 

Delírios persecutórios são assustadores, mas são um sintoma tratável. Com avaliação médica, tratamento adequado e rede de apoio, muitas pessoas conseguem reduzir sintomas, recuperar funcionamento e melhorar qualidade de vida. Se você ou alguém que conhece está passando por isso, buscar ajuda profissional é o primeiro e mais importante passo.

 

 

Pode levar a morte ou causar a morte de outras pessoas?

 

Sim — delírios persecutórios podem levar à morte — de várias maneiras — tanto da própria pessoa quanto, em casos raros, de outras pessoas. Vou explicar com clareza, citar evidências e colocar passos práticos sobre o que fazer.

 

O que diz a evidência

Suicídio: pessoas com esquizofrenia e transtornos do espectro psicótico têm risco de suicídio muito maior que a população geral. Estimativas variam, mas estudos recentes apontam para algo na faixa de ≈5–10% de mortes por suicídio ao longo da vida, e um número bem maior de tentativas. O suicídio é uma causa principal de mortalidade precoce nesse grupo. 

 

Risco de violência contra outras pessoas: a maioria das pessoas com esquizofrenia não é violenta; na verdade elas são mais frequentemente vítimas do que perpetradoras. Contudo, meta-análises mostram que o risco de comportamentos violentos é estatisticamente aumentado em subgrupos (p. ex. homens com psicose ativa), e delírios persecutórios estão associados a um aumento do risco de violência em alguns estudos. Ainda assim, homicídios por pessoas com psicose são raros.

 

Fatores que elevam o risco: os riscos (tanto de auto-prejuízo quanto de agressão a outros) aumentam especialmente quando há uso de substâncias, não adesão a medicação, histórico prévio de violência, isolamento social, descontrole agudo dos sintomas (p. ex. delírios intensos) ou acesso a meios letais. A falta de tratamento/seguimento também está associada a piores desfechos e mais episódios graves. 

 

Outros caminhos para morte: psicose não tratada pode levar a negligência da saúde, acidentes (p.ex. dirigir sob delírio), comportamentos de risco e vulnerabilidade a violência de terceiros — todos esses elementos podem contribuir para mortalidade indireta. 

 

 

 

O que fazer — orientação prática imediata

 

Se houver risco iminente (ideia suicida com plano/meios, ameaça clara de matar alguém, ou comportamento violento em curso): procure serviço de emergência ou telefone de emergência imediatamente. Em risco grave, acione serviços de emergência locais.

 

Não enfrente a pessoa com confrontos sobre a “verdade” do delírio — isso costuma aumentar a resistência. Valide sentimentos (“vejo que você está com muito medo”) e concentre-se em redução do sofrimento e segurança.

 

Remova/limite acesso a meios letais (medicamentos em grande quantidade, armas, objetos perigosos) sempre que possível e seguro.

 

Incentive avaliação médica urgente (psiquiatra/PSM) e, se necessário, acompanhe a pessoa à consulta. A adesão a antipsicóticos e o tratamento de comorbidades (por ex. abuso de álcool/drogas) reduzem riscos. 

 

Rede de suporte: envolver família, amigos, serviços sociais e equipes de saúde mental de base pode prevenir crises. Programas de reabilitação e psicoeducação ajudam a reduzir recaídas. 

 

Mensagem importante sobre estigma

A cobertura midiática tende a exagerar a associação entre psicose e violência — isso aumenta o medo e o estigma. A maioria das pessoas com esquizofrenia vive sem cometer crimes violentos; é crucial identificar e tratar os fatores de risco específicos sem rotular ou isolar desnecessariamente. 

 

 

⚠️ Alerta e Prevenção

Delírios persecutórios podem trazer riscos sérios: em alguns casos levam a suicídio e, mais raramente, a comportamentos violentos contra outras pessoas. Se alguém apresentar ideias de perseguição intensas, falar em se machucar ou machucar outros, ou agir de forma perigosa, procure ajuda profissional imediatamente. Acionar serviços de emergência, remover meios letais e incentivar tratamento médico são passos essenciais para proteger a vida e reduzir riscos.

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