
Naquela noite de 14 de abril, um grupo de homens armados invadiu um internato público de Chibok – um local predominantemente cristão -, reuniu as jovens que tinham entre 16 e 18 anos em um auditório e começou a atear fogo aos dormitórios e salas do prédio.
"Vocês só vieram para a escola para se prostituir.
A educação ocidental (Boko, em hausa) está proibida (haram, em árabe), então o que estão fazendo na escola?", perguntou um deles.
Os homens ordenaram que elas buscassem seus sapatos e seus véus e subissem aos caminhões.
Eles as levaram para o bosque de Sambisa, onde acredita-se que o Boko Haram tenha um esconderijo embaixo do Sahel – a zona de transição do deserto do Sahara para a savana do Sudão.
Muitas das meninas que conseguiram escapar fizeram isso saltando dos caminhões e contando com a ajuda de desconhecidos que deram uma carona para elas naquela região hostil.
Do resto, não se soube mais, até o dia em que o líder da organização, Abubakar Shekay, que tem 30 ou 40 anos e foi descrito como "parte teólogo, parte gângster", apareceu em um vídeo em meados de maio.
"Eu sequestrei suas filhas", disse. "Vou vendê-las no mercado, por Alá. Vou vendê-las e entregá-las ao matrimônio."
"A escravidão é permitida na minha religião. Vou capturar as pessoas e escravizá-las."
Cerca de 136 das jovens apareciam no vídeo. Vestidas dos pés à cabeça com o hijab muçulmano, sentadas e recitando o primeiro verso do Corão.
Duas delas disseram ter se convertido ao Islamismo e deixado o Cristianismo para trás.
Desde então, elas nunca mais foram vistas.