
Em 30 de novembro de 2020, Criciúma (SC) viveu um dos maiores assaltos da história do Brasil. Cerca de 30 criminosos fortemente armados invadiram a cidade, dominaram tudo e levaram R$ 125 milhões do Banco do Brasil. O crime foi brutal, cinematográfico e planejado.

O ataque seguiu o modelo do "novo cangaço": grupos fortemente armados tomam o controle de cidades pequenas/médias, espalham pânico, bloqueiam vias, usam reféns como escudo e fazem ações simultâneas para dificultar reação da polícia.

A ação começou por volta de 23h50. Homens armados com fuzis cercaram o centro de Criciúma. Eles bloquearam ruas com carros incendiados e colocaram explosivos em pontos estratégicos.

Como parte do plano, os bandidos atearam fogo no Túnel que liga Tubarão a Criciúma para que o BOPE não chegasse e dispararam tiros para o alto, aterrorizando a população.
Câmeras de segurança e vídeos gravados por moradores mostram cenas de guerra. Tiros, explosões, fumaça e gritos. Quem estava na rua foi feito refém e usado como escudo humano diante do banco e do batalhão da PM.
Enquanto parte da quadrilha mantinha reféns, outra parte invadia o cofre central do Banco do Brasil. O objetivo era acessar o cofre principal, que guardava uma quantidade imensa de dinheiro cerca de R$ 125 milhões.
Os criminosos estavam organizados em funções: atiradores, bloqueadores de vias, motoristas, encarregados do cofre, vigias e apoio externo. Tudo milimetricamente planejado. Nenhum passo foi dado por acaso.

Durante a ação, um policial militar foi baleado e ficou em estado grave. A quadrilha cercou o batalhão da PM local para impedir reação. A comunicação da polícia foi prejudicada e demoraram a reagir com força.

Na fuga, os criminosos usaram BMW, Audi, Land Rover, Mitsubishi entre outros carros de luxo. Todos preparados para o transporte de armas e dinheiro. Parte do dinheiro roubado ficou espalhada pelas ruas, cerca de 1 Milhão, o que atraiu civis e complicou o trabalho da perícia.
Populares que foram filmados ou se autogravaram recolhendo o dinheiro espalhado propositalmente pelos bandidos foram identificados e obrigados a devolvê-lo, além de terem sido processados. Ainda assim, há relatos de civis que recolheram até 60 mil R$.
Em 2 de dezembro, a polícia encontrou um galpão usado para pintar e modificar os carros usados no crime. O local ficava em Içara, cidade vizinha a Criciúma, e servia como base de apoio da quadrilha.
As investigações apontaram que a maioria dos integrantes da quadrilha era de fora do estado, oriundos do Sudeste e Centro-Oeste do país. Tudo indica que foi uma operação nacional, com vários níveis de envolvimento.
Dois inquéritos criminais foram abertos. Um para investigar os autores diretos (quem participou do assalto). Outro para os crimes associados: lesão corporal, uso de explosivos, incêndio e dano qualificado.

Além disso, o Ministério Público abriu um inquérito civil para investigar por que as forças de segurança não conseguiram reagir durante o ataque. O processo foi arquivado em abril de 2021.
Agora, quase 4 anos depois, 17 pessoas foram condenadas pelo crime. As penas variam entre 9 e 50 anos de prisão. Entre os réus, estão 13 homens e 4 mulheres. Imagens dos envolvidos não foram divulgadas. O caso ficou conhecido como "o maior assalto da história de Santa Catarina"®

Na sentença, os principais responsáveis pelo assalto foram condenados a penas entre 36 e 50 anos de prisão. Já aqueles que participaram de forma secundária, como apoio logístico, receberam penas de 9 a 15 anos.
Entre os 17 condenados, há quatro mulheres. Elas foram responsabilizadas principalmente por atividades de apoio, como transporte, abrigo e manipulação de informações.
Apesar do trabalho da Polícia Civil, Militar e Federal, boa parte do dinheiro roubado nunca foi recuperado. Apenas uma fração da quantia foi localizada em apreensões posteriores. A maior parte "desapareceu".
