Partido político de âmbito nacional fundado em março de 1922 com o nome de Partido Comunista do Brasil e tendo por sigla PCB.
Seu objetivo, ao ser criado e ao longo de sua história, era promover a revolução proletária no Brasil e conquistar o poder político para realizar a passagem do sistema capitalista para o sistema socialista.
Atuou durante a maior parte de sua existência na ilegalidade.
Sobreviveu a todas as alterações político-institucionais por que passou o Brasil desde a sua fundação, assim como sobreviveu às crises internas que em muitos momentos determinaram a saída ou expulsão de vários de seus integrantes.
A alteração do nome para Partido Comunista Brasileiro ocorreu durante a conferência nacional realizada em agosto de 1961, com a finalidade de facilitar o registro eleitoral do partido e a sua legalização.
A fundação
A fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB) ocorreu num período de grande tensão na vida política brasileira.
A sucessão de Epitácio Pessoa na presidência da República nas eleições de 1º de março de 1922 era disputada, de um lado, por Artur Bernardes, candidato oficial, hostilizado, porém, pela jovem oficialidade do Exército, e, de outro, por Nilo Peçanha, apoiado pela Reação Republicana.
A vitória de Bernardes, longe de trazer a tranquilidade ao país, iria provocar, ao lado de outros fatores, o levante dos 18 do Forte (5/7/1922), marco inicial das revoltas tenentistas que se estenderiam por toda a década de 1920, culminando na Revolução de 1930.
Dentro desse quadro de contestações, por iniciativa do Grupo Comunista de Porto Alegre, realizou-se em Niterói, então capital do estado do Rio de Janeiro, nos dias 25, 26 e 27 de março, um congresso para a fundação do PCB.
A intenção do grupo era que o novo partido participasse do IV Congresso da Internacional Comunista, a ser realizado em Moscou em novembro/dezembro de 1922.
Participaram do encontro em Niterói intelectuais e operários representantes de Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, além de Abílio de Nequete, representante do Grupo de Porto Alegre, da Agência de Propaganda para a América do Sul da III Internacional e do Partido Comunista do Uruguai, e de Astrojildo Pereira, representante do Grupo do Rio de Janeiro.
O PCB foi criado com o objetivo de promover a organização política do proletariado num partido de classe, “para a conquista do poder e consequente transformação política e econômica da sociedade capitalista em sociedade comunista”.
A Comissão Central Executiva (CCE), integrada por cinco membros e cinco suplentes, deveria manter “o mais rigoroso controle político sobre todos os organismos do partido”.
Foram escolhidos para compor a CCE Abílio de Nequete, eleito secretário-geral, Astrojildo Pereira, Antônio Bernardo Canellas, Luís Peres e Antônio Gomes Cruz Júnior.
Para suplentes foram indicados Cristiano Cordeiro, Rodolfo Coutinho, Antônio de Carvalho, Joaquim Barbosa e Manuel Cendón.
Ainda na reunião de Niterói foram aprovados os pontos essenciais relativos à organização do PCB.
Em toda localidade onde se constituísse um núcleo do partido seria designada uma comissão encarregada dos trabalhos de secretaria e relações.
O entendimento entre os núcleos se faria através de conferências, às quais seriam enviados delegados, devendo as deliberações ser tomadas por acordo unânime.
Ao ser criado, o PCB tinha 73 membros espalhados em diversos núcleos.
No final de 1922, calcula-se que o número de aderentes houvesse subido a 250, com 123 no Rio de Janeiro.
Ao relembrar a fundação e os primeiros anos do partido, Astrojildo Pereira declarou que “a não ser nos meios sindicais, onde militavam ativistas do movimento operário, a fundação do PCB passou completamente despercebida da opinião pública.
A grande imprensa ignorou o fato e, se acaso houvesse tomado conhecimento dele, certamente não o teria levado a sério”.
A difusão das ideias comunistas era feita através da revista mensal Movimento Comunista, fundada em janeiro de 1922, que passou a ser o órgão do partido
Logo após sua formação, o PCB passou a atuar intensamente nos sindicatos operários, combatendo basicamente os anarquistas.
Em junho de 1922, três meses após sua fundação, o partido foi fechado ainda pelo governo de Epitácio Pessoa, passando a atuar na ilegalidade e tendo vários de seus membros presos.
Entre eles figurava Abílio de Nequete, que, após sua prisão em julho de 1922, renunciou ao cargo de secretário-geral e regressou ao Sul, sendo substituído por Astrojildo Pereira.
Após a vinda ao Brasil de Rodolfo Ghioldi, argentino representante da Internacional Comunista, para estudar a situação interna do PCB, o partido foi admitido na Internacional durante o V Congresso dessa organização, realizado em Moscou em junho/julho de 1924, cinco meses após a morte de Lênin.
A divulgação das ideias comunistas no Brasil intensificou-se por essa época, com a publicação de livros e folhetos e a realização de palestras e conferências nas sedes dos sindicatos.
O Manifesto comunista de Karl Marx, publicado pela primeira vez na Voz Cosmopolita, saiu sob a forma de livro em 1924.
Em 1º de maio de 1925 foi lançado o jornal Classe Operária, com cinco mil exemplares, fechado pela polícia dois meses depois.
Em São Paulo circulavam os jornais Internacional e Solidário.