Nascida Zilda de Carvalho Espíndola, no Rio de Janeiro, em 31 de março de 1904, com o nome de Aracy Côrtes ela se tornaria uma das maiores estrelas do Teatro de Revista brasileiro e uma das maiores intérpretes de nossa música.
Vamos conhecer um pouco de sua origem como artista:
Quando a jovem Zilda decidiu ser artista, iniciou suas atividades no grupo amador Filhos de Talma, também atuando no Circo Spinelli ao lado de Benjamin de Oliveira.
O pesquisador Roberto Ruiz, em sua biografia de Aracy Côrtes - Linda Flor, de 1984 (Funarte), explicou o surgimento do nome artístico. Em um tarde, na redação do jornal A Noite, estavam conversando Mário Magalhães, crítico teatral do jornal, e Otávio Viana, o China, irmão de Pixinguinha. Eles estavam decidindo o repertório de uma série de apresentações dos Oito Batutas. Como havia somente homens no grupo, eles pensaram em inserir uma figura feminina, alguém que interagisse bem com o conjunto. China, que era compadre da mãe de Zilda, lembrou logo da garota que, desde pequena, acompanhava a ele e aos irmãos nas rodas de choro. Ele disse que a menina era boa mesmo! Porém, Mário Magalhães não gostou do nome Zilda para uma artista. Depois de pensarem bem, e citarem vários nomes, chegaram conclusão de que Aracy era um nome bem brasileiro. Mas Aracy de quê? A essa altura, outras pessoas se juntavam à conversa, como o secretário do jornal, Silva Ramos. Era preciso encontrar um sobrenome eufônico, que combinasse com o prenome. Eis que, nesse momento, entrou esbaforido, trazendo uma notícia urgente, um repórter policial da casa, conhecido por Côrtes. Mário Magalhães deu um pulo da cadeira, saudando o colega de jornal, que não entendera patavina do que estava acontecendo. Silva Ramos caiu na gargalhada e Mário se voltou para China com o novo nome da artista: Aracy Côrtes.
Porém, antes dela, já existia uma Aracy Côrtes. Que não era artista, mas professora.
Sobre Aracy Côrtes, a professora, encontramos algumas informações desde 1905, quando fazia seus exames finais de instrução primária através da Escola Modelo Benjamin Constant. Estagiou no ensino público, sendo efetivada em 1912. Fez seus estudos com distinção e ensinou em várias instituições, sendo uma professora conhecida e respeitada nas décadas de 1910 e 1920.
Já idosa, Aracy Côrtes, a artista, relembraria a coincidência: “... quem me arranjou esse nome foi o Mário Magalhães, de A Noite e eu não queria pseudônimo. Só Zilda estava bom; ficava mais cartaz. De repente, me aparece esse Aracy Côrtes que eu nem sabia quem era. Resultou que era uma inimiga pavorosa, uma professora que achou que eu tinha feito de propósito para achincalhá-la. Mas por quê? A arte é uma missão divina. Enquanto às vezes meu lar está de luto, o de vocês está alegre por causa da minha pessoa. De qualquer maneira pegou e ficou Aracy Côrtes”.
Na segunda metade de 1921, ainda resistindo ao seu nome artístico, apresentava-se como Zilda Côrtes, atuando ao lado dos Oito Batutas, liderado por seu amigo de infância, Pixinguinha.
Aliás, seria como Zilda Côrtes que ela faria sua estreia no teatro, em 15 de outubro de 1921 na burleta Na casa da Chica do Velho, onde interpretava Chica. O resto do elenco era interpretado pelos integrantes dos Oito Batutas e outros artistas: Mané Piqueno (Galleguinho), Octavio Vianna (Bolacha), José de Lima (Juca Ficha), Ernesto dos Santos (Porfirio Grosso), João Thomaz (Pinga-Fogo), Alfredo Santos (Pé Leve), Nelson Alves (Cambucá), Sizenando de Oliveira (Pendenga), José Monteiro (Boa Vida).
O teatro era o Polytheama Meyer, onde o grupo fazia apresentações. Em 22 de outubro, apresentavam a mesma peça no Theatro Eden.
Em 31 de dezembro de 1921, pouco depois de dois meses, ela estreava como Aracy Côrtes na revista Nós, pelas Costas, no Theatro Recreio. Até hoje, essa seria considerada sua estreia oficial. Ao menos foi a primeira como Aracy Côrtes.
Atravessando as décadas de 1920, 1930 e 1940 com grande sucesso no teatro musicado, em especial na Revista, ela fixaria seu nome na história de nossa música popular como uma de suas principais intérpretes.
Aracy Côrtes faleceria no Rio de Janeiro aos 80 anos, em 08 de janeiro de 1985.
Sucessos:
1925 - Petropolitana
1925 - Serenata de Toselli
1925 - A Casinha (A Casinha da Colina)
1926 - Serenata de Toselli
1928 - Chora, Violão
1928 - Jura
1929 - Ai, Ioiô
1929 - Yaya (Linda flor)
1929 - "A polícia já foi lá em casa"
1929 - "Vão por mim" - com Francisco Alves
1929 - "Baianinha"
1930 - Você Não Era Assim
1931 - Quero Sossego
1931 - Reminiscências
1932 - Tem Francesa no Morro
1932 - Dentinho de Ouro
1932 - Que é Que…?
1951 - Eu Sou Assim
