O que mudou na cobertura dos casos de feminicídio?
Há 16 anos, em 13 de outubro de 2008, um caso de repercussão nacional revoltou o país. O feminicídio, embora não existisse ainda a lei ou popularização do termo, de Eloá Pimentel expôs o despreparo da sociedade, dos agentes de segurança e da própria mídia para abordar a violência de gênero.
O Caso Eloá iniciou na manhã de uma segunda-feira e teve um desfecho trágico em 17 de outubro, uma sexta-feira, após mais de 100 horas com a jovem em cárcere privado. Lindemberg Alves, na época com 22 anos, invadiu o apartamento da jovem Eloá, 15 anos, onde a menina estudava na companhia de três amigos. A justificativa apontada pelo autor do crime é uma das que mais aparecem nos noticiários até hoje: o homem não queria aceitar o fim do relacionamento.
Nessa época, no entanto, termos como “crime passional” davam um ar novelesco ao crime. A diretora de conteúdo da Agência Patrícia Galvão, Marisa Sanematsu, destaca a romantização da cobertura na época do crime. “Colocaram o Lindemberg como um pobre rapaz apaixonado, uma vítima da paixão”, comenta. Ela destaca ainda a polêmica entrevista ao vivo dada pelo autor do crime durante o período do sequestro à apresentadora Sonia Abrão, da Rede TV!.
O que aconteceu durante o sequestro?
Após liberar parte das vítimas, Alves começou a negociar com a polícia, fazendo uma série de exigências em resposta às ações policiais que, até então, mostravam-se infrutíferas. No entanto, as negociações não avançaram e o sequestro se estendeu por mais de 100 horas.
A tensão entre Eloá e Lindemberg era constante e transmitida ao vivo pela televisão, o que causava ainda mais apreensão na população. Em 17 de outubro, após a polícia decidir invadir o imóvel, Lindemberg atirou contra Eloá e Nayara. Ambas foram levadas ao hospital, mas Eloá teve morte cerebral constatada no dia seguinte. Lindemberg foi preso após a invasão
Qual foi a sentença de Lindemberg Alves?
Em 2012, Lindemberg Alves, foi condenado a 98 anos de prisão pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, cárcere privado e disparo de arma de fogo. De acordo com a legislação brasileira, ele cumprirá a pena máxima de 30 anos.
Lindemberg foi encaminhado para o presídio de Tremembé, no interior de São Paulo. Tentou recorrer da decisão, mas teve seu recurso negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em 2014. Em 2020, solicitou progressão de pena, sendo beneficiado no início de 2021. No entanto, alguns meses depois, a Justiça revogou o benefício concedido ao assassino de Eloá.