"Apesar de todas as conquistas femininas na luta contra a desigualdade de gênero, quando o assunto é sexo, ainda existe uma grande quantidade de tabus e preconceito. Essa afirmação pode ser evidenciada pelo fato de que, por muitos anos, nenhum produto foi fabricado com a finalidade de aumentar o desejo sexual feminino, como se esse tema fosse de interesse apenas dos homens.
Em agosto de 2015, no entanto, o primeiro passo foi dado, pois o primeiro medicamento com a promessa de aumentar o desejo sexual feminino foi aprovado pela Food and Drugs Administration (FDA). Com esse medicamento, espera-se que muitas mulheres tenham a oportunidade de melhorar sua vida sexual e, consequentemente, sua qualidade de vida.
O medicamento chamado de Addyi é composto pela droga flibanserin, que atua no tratamento do transtorno de desejo sexual hipoativo em mulheres na pré-menopausa. Esse problema caracteriza-se pela diminuição ou total desaparecimento dos desejos e fantasias sexuais.
O novo medicamento que ficou conhecido como “viagra feminino” não funciona como os produtos indicados para homens, que atuam apenas nos órgãos sexuais. O flibanserin age no sistema nervoso central, mais precisamente nos neurotransmissores relacionados com o desejo sexual. Esse medicamento deve ser tomado diariamente e não possui efeito imediato, sendo necessárias algumas semanas para que os benefícios sejam percebidos. Caso nenhuma mudança seja observada em oito semanas, recomenda-se que o uso do medicamento seja suspenso."
"Alguns médicos não acreditam que o medicamento resolverá o problema feminino, pois consideram o desejo sexual algo muito mais complexo do que a liberação de neurotransmissores. De acordo com especialistas no assunto, a falta de desejo pode ser causada, por exemplo, por desgaste no relacionamento, problemas hormonais e até mesmo depressão. Nesses aspectos, o medicamento não é eficiente.
Além desses fatores, o “viagra feminino” é responsável por desencadear alguns efeitos colaterais. Entre as principais reações adversas do produto, estão sonolência, enjoos, tonturas, desmaios e pressão baixa. Esses efeitos são maiores em pessoas que fazem consumo de álcool. Mulheres com insuficiência hepática e que fazem uso de inibidores da enzima CYP3A4 não devem fazer uso do medicamento.
A FDA já havia barrado a aprovação do “viagra feminino” para comercialização anteriormente. A alegação do órgão era a de que o medicamento possuía pouca eficácia e vários efeitos colaterais. Muitos médicos afirmam que a aprovação do medicamento em agosto de 2015 ocorreu por causa de pressões de várias entidades e que o Addyi ainda é pouco satisfatório e possui várias reações adversas.