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CASO BENÍCIO
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 09/12/2025 18:13
Notícia

O que foi o Caso Benício

A vítima é o Benício Xavier de Freitas, uma criança de 6 anos que morreu após receber, em um hospital particular em Manaus (Hospital Santa Júlia), uma dose de adrenalina pela via endovenosa — algo considerado inadequado para o quadro dele. 

 

Ele havia sido admitido com sintomas de tosse seca e suspeita de laringite, sem quadro grave de início. Os pais afirmam que esperavam que fosse administrada adrenalina por inalação, como já havia sido feito anteriormente. 

 

 

Conforme relato da equipe de saúde, a prescrição feita pela médica envolvia três doses de 3 ml cada — totalizando 9 ml — de adrenalina endovenosa em intervalos de 20–30 minutos. Após a primeira dose, a criança passou mal, apresentou palidez, dificuldade respiratória, saturação baixa e sofreu múltiplas paradas cardíacas. Ele chegou a ser levado à UTI, mas não resistiu. 

 

⚠️ O que se sabe até agora — erros, investigações e controvérsias

A médica responsável pela prescrição, Juliana Brasil Santos, chegou a admitir, em documento enviado à polícia, que “errou a prescrição”. 

Porém, a defesa da médica afirma que a prescrição correta seria para via inalatória, e sustenta que a versão registrada — com via endovenosa — teria sido alterada por uma falha no sistema informatizado do hospital. Ou seja: alegam que não houve “erro humano” proposital, mas um problema técnico no prontuário. 

 

 

A equipe de enfermagem, especificamente a técnica que aplicou a injeção, Raíza Bentes Paiva, também está sob investigação. A Justiça negou pedido de habeas corpus preventivo para ela — ou seja, ela permanece sujeito a prisão se for condenado. 

 

Além da prescrição, há investigação sobre possíveis falhas estruturais do hospital (como a ausência de farmacêutico no momento da administração, algo importante para checagem de medicamentos) e até sobre se uma má intubação ou outros procedimentos subsequentes contribuíram para o óbito. 

 

 

Repercussão e reação de autoridades e da sociedade

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) emitiu nota expressando pesar e cobrando mudanças estruturais nos hospitais, especialmente com exigência de presença de farmacêuticos em áreas críticas (UTI, emergência) para evitar erros graves como esse. 

 

Families, amigos e manifestantes pediram justiça e responsabilização dos envolvidos — seja por negligência, imprudência ou falha estrutural. O pai, abalado, disse algo forte e doloroso: “Nenhum pai leva seu filho a um hospital para morrer”. 

 

 

A mídia e especialistas têm questionado os protocolos de segurança em hospitais, o uso de sistemas automatizados de prescrição e a necessidade de dupla checagem em casos de medicamentos de alto risco — especialmente quando administrados em crianças.

 

️ O que está sendo investigado

As autoridades definiram quatro frentes principais de investigação: 

 

Responsabilidade da médica que prescreveu — por erro ou negligência.

 

Responsabilidade da técnica de enfermagem que aplicou a medicação.

 

Possíveis falhas estruturais e de protocolo do hospital (prontuário, supervisão, checagem de fármacos).

 

Possível erro durante procedimentos posteriores — como a intubação — que podem ter contribuído para o agravo e óbito.

 

Além disso, há investigação de suposta tentativa de adulteração de prontuário para mascarar a via de administração da adrenalina. Testemunhas afirmaram que a médica tentou alterar os registros após o ocorrido. 

 

 

Por que o caso chocou — e por que é mais do que um erro pontual

 

O que torna o Caso Benício especialmente grave:

A vítima é uma criança de 6 anos, levada ao hospital com sintomas leves, em busca de ajuda — e não em situação crítica. A expectativa de tratamento era por nebulização, não injeção. 

A administração de adrenalina por via endovenosa é — salvo circunstâncias extremas — altamente arriscada para uma criança tão nova. A prescrição e administração erradas de medicamentos de alto risco em ambiente hospitalar expõem falhas graves no sistema.

A possibilidade de falha técnica no sistema de prescrição médica automatizada acende um alerta: erros “humanos” podem se tornar erros sistemáticos se não houver checagens robustas.

 

O caso evidencia a urgência de mudanças estruturais em hospitais — protocolos de segurança, presença de farmacêuticos, monitoramento rigoroso de medicações de risco — para proteger pacientes vulneráveis.

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