
Quando o corpo está prestes a morrer, o cérebro não “desliga” de forma instantânea. Na verdade, nesses últimos segundos, ele pode entrar em uma atividade intensa e incomum.
O que a ciência descobriu
Pesquisas com pacientes em estado terminal e estudos em animais mostram que, segundos antes da morte, o cérebro pode apresentar um pico de ondas gama, associadas à memória, consciência e experiências vívidas.
⚡ Possíveis explicações:
Descarga elétrica final: o cérebro libera um último “surto” de atividade como reação à falta de oxigênio.
Flashbacks: essa hiperatividade pode reativar redes neurais ligadas à memória, gerando a sensação de “ver a vida passar diante dos olhos”.
Experiências de quase morte: luzes, túnel, sensação de paz — fenômenos relatados por sobreviventes podem estar ligados a essa explosão neural.
⏳ Os 3 segundos finais:
0 a 1s → queda brusca de oxigênio e pressão arterial.
1 a 2s → liberação de neurotransmissores e ondas cerebrais rápidas.
2 a 3s → colapso da atividade elétrica e início do desligamento das funções vitais.
Curiosidade
Um estudo de 2022 registrou a atividade cerebral contínua de um paciente morrendo e viu um padrão semelhante ao de sonhos e lembranças vívidas — indicando que o cérebro pode ter “histórias finais” antes do fim.
COMO EXATAMENTE A CIÊNCIA DESCOBRIU ISSO?
A ciência descobriu isso principalmente por acaso, através de casos raros em que pacientes estavam sendo monitorados no momento da morte.
Aqui está o passo a passo de como chegamos a essa conclusão:
Estudos com EEG (eletroencefalograma) em pacientes terminais
Em 2022, pesquisadores da Universidade de Louisville (EUA) publicaram um caso inédito:
Um paciente idoso, com epilepsia, estava internado e conectado a um EEG contínuo para monitorar crises.
Durante o exame, ele sofreu um ataque cardíaco fatal.
Isso permitiu que os cientistas registrassem 30 segundos de atividade cerebral antes e depois da parada cardíaca.
O que viram:
Nos 30 segundos finais, houve um pico de ondas gama (frequência associada a consciência, lembranças e integração sensorial).
Esse padrão era semelhante ao observado em momentos de sonho vívido ou recuperação de memórias.
Experimentos com animais
Antes disso, estudos com ratos já mostravam algo parecido:
Quando induzida a parada cardíaca, os cérebros dos ratos apresentavam, por cerca de 30 segundos, ondas cerebrais mais organizadas e intensas do que no estado de vigília.
Isso sugeria que o fenômeno não era exclusivo de humanos.
Interpretação científica
Esses dados indicam que, antes de “desligar”, o cérebro pode passar por uma descarga elétrica final, reorganizando memórias e percepções.
A falta de oxigênio e glicose leva a um colapso iminente, mas antes disso o sistema nervoso pode reagir com um último esforço de hiperatividade neural.
Não é algo que os cientistas “foram procurar”, mas sim algo observado de forma acidental e depois confirmado por experimentos. Hoje, a hipótese mais aceita é que esses picos cerebrais finais possam explicar experiências de quase morte — como “ver um túnel de luz” ou relembrar a vida.