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CURIOSIDADES SOBRE A GURGEL
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 15/05/2025 07:20 • Atualizado 15/05/2025 21:16
Carro do dia

GURGEL

 

Fabricante 100% nacional

A Gurgel foi a primeira (e única) montadora brasileira a desenvolver carros com tecnologia completamente nacional — sem depender de matrizes estrangeiras.

 

 

Fundador visionário

Foi fundada em 1969 por João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, engenheiro formado pelo ITA, que sonhava com um carro 100% brasileiro.

 

 

Carros elétricos nos anos 70

Muito antes da tendência atual, a Gurgel lançou, em 1974, o Itaipu E150, um carro 100% elétrico, com autonomia de cerca de 60 km — um feito revolucionário para a época.

Uso de fibra de vidro

Os carros da Gurgel usavam carrocerias de fibra de vidro, o que os tornava mais leves e resistentes à corrosão — ideal para uso fora de estrada e em ambientes litorâneos.

Modelos off-road famosos

O Xavante, depois renomeado para X12, foi um dos modelos mais icônicos da marca. Era um veículo leve, robusto e muito utilizado em áreas rurais e praias.

Placas "Gurgel" em vez de chassi tradicional

Os veículos usavam uma estrutura patenteada chamada Plasteel — uma combinação de aço com plástico — que eliminava a necessidade de um chassi tradicional.

Gurgel BR-800: o carro popular

Lançado em 1988, o BR-800 foi o primeiro carro popular brasileiro e contava com um motor bicilíndrico de 800 cm³.

Gurgel esperava que ele se tornasse um carro de massa.

A polêmica com o governo Collor

A Gurgel perdeu incentivos fiscais após a abertura do mercado às montadoras estrangeiras durante o governo Collor, o que impactou diretamente suas vendas.

Fechamento da empresa

Em 1994, após dificuldades financeiras e falta de apoio, a Gurgel decretou falência.

Mesmo assim, seus veículos ainda rodam no Brasil, sendo cultuados por colecionadores.

 Legado e colecionadores

Hoje, os carros da Gurgel são itens de colecionador, e há clubes e encontros de entusiastas por todo o Brasil que celebram essa parte única da história automobilística nacional.

Modelos Off-road e Utilitários

Xavante (1969–1975)

Primeiro veículo da Gurgel. Veículo leve e robusto com visual quadrado, voltado para trilhas e estradas difíceis. Baseado no chassi do Fusca.

X12 (1975–1986)

Evolução do Xavante. Um dos mais populares da Gurgel, com carroceria de fibra de vidro e grande sucesso no meio rural e litorâneo. 

X15 (1982–1986)

Versão maior do X12, com entre-eixos alongado. Podia ser usado como utilitário e tinha capacidade para mais passageiros ou carga.

Carajás (1985–1990)

SUV com tração traseira e estilo mais moderno. Era oferecido em versões 2x4 e 4x4.

Um dos poucos Gurgel com visual mais refinado.

G800 / G15 (1980s)

Utilitários comerciais, como furgões e picapes, derivados dos modelos maiores da marca, voltados para transporte de cargas leves.

 

Modelos Urbanos / Carros Populares

 

BR-800 (1988–1991)

Primeiro carro popular brasileiro. Motor bicilíndrico refrigerado a água (Enertron 800 cm³).

Compacto e econômico, mas criticado pelo desempenho fraco.

Supermini (1992–1994)

Evolução do BR-800, com visual mais moderno, melhorias mecânicas e melhor acabamento.

Ainda usava o motor Enertron. 

 Modelos Elétricos (projetos experimentais)

Itaipu E150 (1974)

Primeiro carro elétrico brasileiro. Protótipo com autonomia de cerca de 60 km e velocidade limitada. Um marco histórico na mobilidade elétrica.

Itaipu E400 (1981)

Versão elétrica do Gurgel G800, com capacidade para transporte urbano de mercadorias. Produção limitada.

Modelos especiais e protótipos

Motomachine (1983–84)

Microcarro urbano futurista, voltado ao uso individual em grandes cidades. Nunca passou de protótipo/conceito. 

Delta / Itaipu II (conceito)

Veículos elétricos com proposta de substituir carros em uso urbano, apresentados no início dos anos 80, mas que não chegaram à produção.

Por que a Gurgel encerrou as atividades?

O fim da única montadora 100 % brasileira não teve uma única causa, mas um conjunto de fatores técnicos, econômicos e políticos que se combinaram no início dos anos 1990. Os principais são: 

Cronologia do colapso 

Jun 1993:

 empresa pede concordata

 (proteção judicial contra credores).

1994:

governo nega empréstimo; a fábrica em Rio Claro para em abril; falência é decretada em maio. 

Set  1996:

último recurso é negado; atividades encerram‑se definitivamente.

Em números

Produção total estimada: ~30 000 veículos em 27 anos.

Dívida ao falir: ≈ R$ 280 milhões

 (valores da época). 

O legado

pesar do fim, a Gurgel deixou contribuições duradouras:

Plasteel

 (aço + compósito) – pioneiro em estruturas híbridas. 

Enertro

 – primeiro motor projetado e feito no Brasil pós‑guerra.

Protótipos elétricos Itaipu

 (1974) décadas antes da tendência global. 

Hoje, seus carros são peças de coleção e lembram o desafio — ainda atual — de se fazer engenharia automotiva competitiva com capital 100 % nacional.

 

 

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