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1977 - DESASTRE DE TENERIFE
Por Susi Hellen Spindola
Publicado em 27/03/2025 07:35
Aconteceu...

 

Conheça o acidente aéreo mais fatal da história

 

Em 27 de março de 1977, no aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, nas Ilhas Canárias, ocorreu o acidente aéreo que resultou no maior número de mortos na história: 583, incluindo passageiros e tripulantes.

A ocorrência decorreu do choque entre dois Boeings 747, um pertencente à empresa holandesa KLM e outro à norte-americana Pan Am. 

De excesso de neblina a problemas de comunicação, o final trágico ocorreu após uma série de falhas e imprevistos. 

 

- Após um atentado à bomba atingir o destino inicial das aeronaves – Las Palmas, em Gran Canaria –, os dois jumbos tiveram seus voos redirecionados para a vizinha Ilha Tenerife, cujo aeroporto era bem menor: contava com apenas uma pista e uma faixa lateral para aterrissar.

 

- Não bastasse a mudança inesperada, o local, que também recebeu outros três aviões na tarde do acidente, ainda era mais propenso a nevoeiros do mar – o pavor de qualquer tripulação aérea.

 

- Quando as aeronaves foram liberadas para voltar à Las Palmas, o jumbo holandês da KLM, estacionado à frente do norte-americano Pan Am, avisou à torre de controle que sairia primeiro.

 

- A pressa, segundo transcrições das gravações do veículo, parecia ter justificativa: se não chegasse até 19h ao aeroporto de origem, sua tripulação teria de trabalhar além do limite legal – o que poderia render um processo ao comandante holandês, o experiente Van Zanten.

  

- “Ok”, respondeu o operador à mensagem do holandês. “Aguarde nossa próxima chamada”.

Mas, ao captar os primeiros instantes desse diálogo, o piloto da nave norte-americana gritou, simultaneamente, à torre: “Ainda estamos no solo!”.

 

- Como os dois jumbos recebiam instruções pela mesma frequência de rádio– uma vez que estavam a apenas dois quilômetros um do outro –, a mensagem da PanAm gerou interferência na resposta da torre à KLM. Eis o infortúnio: o piloto holandês só ouviu até “Ok”.

 

- Segundo investigações do acidente, os funcionários da torre de controle espanhola também usaram uma terminologia em inglês fora do padrão.

Por isso, não havia ficado claro ao comandante do Pan Am por onde o Boeing holandês deveria sair. Resultado da falha de comunicação, quando Van Zanten começou a acelerar, a nave norte-americana ainda estava na pista.

 

- "Sabíamos que o avião vinha ao nosso encontro por causa das luzes de aterrissagem que estavam brilhando.

Mas, a princípio, não ficamos assustados porque achávamos que eles sabiam que estávamos ali", contou à BBC, em março de 2016, Robert Bragg, copiloto sobrevivente da nave norte-americana.

 

- Mas, devido à espessa camada de neblina no local, o comandante holandês só avistou a aeronave dos EUA quando estava a 100 metros de distância.

Tentou levantar o nariz do avião e passar em voo rasante sobre o Boeing norte-americano.

Não teve sucesso: o veículo holandês espatifou-se logo em seguida, matando todas as 235 pessoas a bordo.

  

- Na cabine do Boeing da PanAm, o piloto tentou ligar as turbinas e acelerar o avião em direção ao gramado, numa tentativa de sair da pista.

Mas o choque entre o trem de pouso e as turbinas do KLM contra o teto do avião dos EUA também levaria à explosão do veículo em poucos minutos.

 

- Antes, porém, 61 dos 300 ocupantes conseguiram pular da nave e escapar à tragédia, por meio das fendas que se abriram em partes da fuselagem após o impacto da colisão entre os Boeings.

 

- Ao falecido piloto da KLM que, antes de acelerar, não checou se já poderia ter decolado, foi atribuída a culpa pela tragédia.

Segundo transcrição do que ocorreu na cabine da aeronave holandesa, ainda, quando Van Zanten deu início ao processo de decolagem, o comandante foi interrompido pelo copiloto – que o lembrou que a tripulação não tinha autorização para realizá-la.

  

- O lembrete, contudo, foi ignorado: atitude incomum nos anos 1970, interromper o piloto era tido como um ultraje ao seu posto.

“O avião da Panam já desocupou a pista?”, questionou também o engenheiro de voo da KLM.

Assertivo, o comandante holandês teria respondido: “Sim”.

 

- Mas a tragédia não caiu só sobre a reputação do piloto holandês.

No dia 6 de novembro de 1978, depois de passar por uma reforma desencadeada pelo acidente, o aeroporto de Los Rodeos tornou-se Tenerife Sul.

Desta vez, a estrutura foi construída ao nível do mar, o que evita a ocorrência de neblina.

Tardia, a mudança atendia ao objetivo de, ao menos, evitar acidentes como o de 1977 em aterrissagens futuras.

 

- Nas escolas de aviação, o episódio tornou-se exemplo. E dos piores: de tudo que pode dar errado em uma decolagem. 

                       

                 

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