Lula se dedicou hoje ao seu papel favorito: prometer benevolências para enriquecer as pessoas. De fato, Lula afirmou que o crescimento econômico ocorre através da transferência de renda e consumo. Contudo, essas benevolências possuem um preço, e alguém terá que arcar com isso. Lula declara que os ricos serão os financiadores das vantagens que planeja oferecer, especialmente através da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.

  Se a proposta fosse tão simples, poderia parecer uma solução simples. No entanto, na generosidade anunciada hoje por Lula, existem incertezas consideráveis. Ainda não está claro o montante que o governo deixará de arrecadar com essa ação, nem como será possível compensar essa diminuição de receita. Na realidade, o que aparenta ser simples à primeira vista esconde uma enorme complexidade. A medida demandará que milhares de contribuintes calculem os lucros e a tributação das empresas que lhes pagam dividendos. Esses contribuintes precisarão pagar primeiro para, em seguida, receber uma compensação — isso se a receberem.

  Existe ainda uma vantagem significativa para o governo: a chance de aumentar a arrecadação, particularmente em um ano eleitoral como 2026. Esta é a real razão para a urgência do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. É um cálculo político-eleitoral, não uma resposta às conhecidas e históricas distorções no sistema fiscal, particularmente a progressividade reduzida.