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12 DE MARÇO DE 2000, DIA DO PERDÃO- PAPA JOÃO PAULO II
Curiosidades
Publicado em 12/03/2025 por Susi Hellen Spindola

 

As linhas gerais do documento, intitulado "Memória e Reconciliação: A Igreja e os Erros do Passado", já foram divulgadas no início do mês.

Entre os erros apontados estão divisões internas no cristianismo, conversões forçadas, o uso da violência e o preconceito antijudaico.

O documento, porém, destaca que muitos atos de séculos passados não podem ser julgados tendo em mente apenas os padrões morais contemporâneos.

Ele traça uma estreita linha entre pecados dos "filhos e filhas" da igreja e aqueles da própria igreja.

Citando escritos de João Paulo 2º e de predecessores, o documento explica que "a purificação da memória" que o papa pretende conduzir "nunca poderá significar a desistência da igreja em proclamar a verdade revelada a ela".

João Paulo 2º, que adotou o arrependimento como um dos temas-chave para o ano do Jubileu -e de seu papado- já apresentou anteriormente pedidos de desculpas sem precedentes.

Em 1998, por exemplo, expressou arrependimento pelo fato de muitos na hierarquia católica terem deixado de ajudar judeus a escapar do Holocausto.

Aquele documento foi mais longe do que qualquer outro comunicado prévio do Vaticano, mas desapontou muitos líderes judeus, que disseram que ele não chegou a reconhecer a responsabilidade de autoridades da igreja -em particular de Pio 12, papa que, por não ter denunciado publicamente o nazismo, é até hoje tema de divergência entre o Vaticano e organizações judaicas.

O documento a ser revelado hoje parece ter entre seus objetivos confortar líderes católicos que pensam que o Vaticano já foi longe demais em suas desculpas por pecados passados.

Ele nota que alguns católicos expressaram "reservas" em relação ao processo de admissão de responsabilidade por vê-lo como uma concessão "àqueles que são hostis" à igreja.

Segundo o reverendo Georges Cottier, teólogo do Vaticano que ajudou a escrever o documento, o texto coloca o chamado do papa para uma "purificação" da igreja dentro de um contexto histórico e teológico próprio.

Como um parecer jurídico, o documento aborda os precedentes teológicos para um pedido de desculpas da igreja, com citações do Velho Testamento e pronunciamentos de papas recentes.

Fala-se frequentemente das declarações de João Paulo 2º sobre a necessidade de a igreja se "purificar" de pecados e buscar renovação.

Mas o documento não chega a revisar a história em grande detalhe.

Em 1998, o Vaticano destacou uma comissão para examinar a Inquisição, mas suas conclusões ainda não foram publicadas. Por outro lado, o documento faz alusão a conversões forçadas, tortura e queima dos hereges nas fogueiras dizendo que "em diversas ocasiões no último milênio métodos duvidosos foram utilizados para obter resultados justos".

O texto também trata de lapsos católicos contemporâneos, entre eles a indiferença, o "relativismo ético", o fracasso de muitos católicos na defesa dos bebês contra as "leis do aborto", assim como negligência com os pobres.

"Mencionamos alguns poucos erros, mas poderíamos ter uma longa lista", disse o reverendo Jean Louis Burgues, um padre francês que trabalhou no documento. "Temo que essa lista nunca será concluída."

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