
Espião e seita religiosa
Park Geun-hye é filha de Park Chung-hee, o general que tomou o poder com um golpe em 1961 e que colocou o país na rota da industrialização.
Ele foi assassinado pelo próprio chefe do serviço secreto sul-coreano, em 1979.
Especulou-se que o crime teria sido cometido porque o chefe do serviço secreto suspeitava que o presidente estava sendo manipulado por um de seus guarda-costas.
Park, a filha, já era primeira-dama do país porque sua mãe tinha sido assassinada em 1974, por um espião da Coreia do Norte.
Ela tinha 22 anos e estudava na Europa quando sua mãe foi morta.
Nessa época conheceu Choi Tae-min, líder autoproclamado de uma seita chamada Igreja da Vida Eterna.
Ele disse a Park que havia recebido a visita do espírito da mãe dela, que lhe pedira para guiá-la.
Transformou-se, assim, em mentor da futura presidente e passou a acumular poder e riqueza.
Nessa época, Park já era amiga de Choi Soon-Sil, a filha do líder religioso.
Os mais críticos à gestão de Park dizem que Choi era uma eminência parda, que, como o pai, exercia grande influência sobre a mandatária.
A procuradoria-geral do país denunciou Park como cúmplice no caso em que suas relações políticas com sua velha amiga Choi Soon-sil mais conhecida como "Rasputina", presa em 2016 sob a acusação de fazer tráfico de influência e extorquir empresas, obrigando-as a realizar grandes doações a várias fundações, e de se apropriar dos recursos doados.
O Parlamento da Coreia do Sul aprovou a destituição de Park Geun-hye em 8 de dezembro de 2016, por suas ligações com o caso.
A moção de destituição foi aprovada por 234 votos a favor e 56 contra.
Em consequência, os poderes da presidente foram transferidos para o primeiro-ministro, Hwang Kyo-ahn, até que a Corte Constitucional da Coreia decidisse sobre a aceitação ou rejeição do impeachment.
Em 10 de março de 2017, os oito juízes da Corte Constitucional da Coreia ratificaram, por unanimidade, a decisão do Parlamento, e Park Geyn-Hye perdeu definitivamente seu mandato.
Após a destituição, novas eleições presidenciais foram realizadas, em um prazo inferior a 60 dias, conforme prevê a legislação do país.
Park Geun-hye foi presa em 30 de março de 2017, semanas após sua destituição definitiva pela Corte Constitucional.
Com o impeachment, Park havia perdido sua imunidade judicial e agora pode ser formalmente processada nas implicações dos escândalos que lhe custaram a presidência.
Em 2017 Park foi julgada com 18 acusações, incluindo corrupção, coerção e abuso de prisão, e incorre em prisão perpétua.
A ex-Presidente terá recebido milhões de euros dos maiores conglomerados do país, como a Samsung. Park está também a ser julgada por ter deixado uma amiga, Choi Soon-sil, envolver-se em assuntos de Estado.
Há mais alguém envolvido?
Vários ex-assessores presidenciais estão sendo investigados. Dois deles já foram acusados formalmente.
An Chong-bum, ex-secretária sênior para coordenação de políticas, foi acusada de abuso de autoridade, coerção e tentativa de coerção, enquanto Jung Ho-sung é acusado de passar documentos presidenciais confidenciais para Choi.
A imprensa sul-coreana tem procurado e publicado detalhes pitorescos sobre a relação entre Park e Choi, que teria conseguido emplacar seu próprio personal trainer como auxiliar da presidente.