Celírio Inácio da Silva, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), descreveu, em um vídeo divulgado na semana passada, o "cafake", um produto que tem sido visto em alguns supermercados com uma embalagem parecida com a do café, porém é diferente.

Este é um "pó para a preparação de bebidas à base de café", que se tornou viral nas redes sociais como "café falso" e "cafake". Trata-se de uma combinação de café com impurezas que, de acordo com a Abic, não possui autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser vendido.O "cafake" representa um exemplo extremo de uma tendência que se intensifica em períodos de aumento da inflação alimentar, como o presente: a disseminação de produtos que aparentam ser, mas não são.

A lista é extensa e abrange desde as "sósias" mais conhecidas, como a bebida láctea, que se assemelha ao iogurte, até as mais recentes, como o óleo composto, uma combinação de azeite com outros óleos vegetais, e o creme culinário, comercializado como uma alternativa ao creme de leite tradicional.

A discussão sobre os alimentos que 'parecem, mas não são' esquentou na semana passada com uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerindo que os consumidores trocassem produtos que estivessem caros por similares como estratégia para baixar os preços.O creme culinário vem de uma leva recente de novos produtos lácteos que a indústria alimentícia desenvolveu a partir de um subproduto da produção do queijo, o soro do leite, lembra Ana Paula Bortoletto Martins, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).