Você sabia que algumas pessoas acreditam que Shakespeare nunca existiu? De acordo com uma longa e antiga teoria, as obras primas literárias atribuídas a ele na verdade teriam sido escritas por Edward De Vere, conde de Oxford. Descubra, agora, mais alguns fatos interessantes sobre a vida e o legado de Shakespeare:
1- O pai de Shakespeare teve muitos trabalhos diferentes, e um deles era ser pago para beber cerveja
Para o filho de um fazendeiro, John Shakespeare era uma pessoa feliz por se mudar bastante. Ele chegou em Stratford em 1551 e começou a fazer vários bicos, trocando coisas, vendendo bens de couro, madeira, malte e milho. Em 1556, ele foi selecionado para ser um “provador de Ale” oficial, o que significa que ele era responsável por inspecionar pães e licores de malte. No ano seguinte, ele deu mais um grande passo na pirâmide social ao se casar com Mary Arden, a filha de um fazendeiro aristocrata que, por acaso, havia sido o patrão de seu pai. John mais tarde se tornou um negociador de dinheiro e ganhou muito status, as vezes negociando com o prefeito de Stratford. Em 1570, ele se endividou e se viu com uma série de problemas legais por razões que nunca foram totalmente esclarecidas.
2- Shakespeare se casou com uma mulher mais velha que, à época, estava grávida de três meses
Em novembro de 1582, o rapaz William, de 18 anos, se casou com Anne Hathaway, filha de um fazendeiro e oito anos mais velha que ele. A notícia do casamento dos dois só se deu já na igreja, evidência de que a união havia sido arranjada pela situação chocante de Anne. Seis meses depois do casamento, Shakespeare deu as boas vindas a uma filha, Susanna, e os gêmeos Hamlet e Judith vieram em fevereiro de 1585. Pouco se sabe sobre a relação de William e Anne, além do fato de eles terem vivido separados e que, em seu testamento, ele deixou para ela apenas a sua segunda melhor cama.
3- Os pais de Shakespeare provavelmente eram analfabetos, assim como seus filhos quase certamente o eram
Ninguém sabe ao certo, mas é bem provável que John e Mary Shakespeare nunca tenham aprendido a ler ou escrever, como era comum para pessoas de sua classe social durante a era elisabetana. Alguns argumentam que os afazeres de John exigiriam um letramento básico, mas em nenhum evento ele assinou seu nome. William, por outro lado, foi aluno de escola em Stratford, onde ele aprendeu a ler, escrever e Latim. Sua esposa e seus dois filhos que viveram até a vida adulta, Susanna e Judith, também eram analfabetos, apenas Susanna sabia assinar seu nome.
4- Ninguém sabe o que Shakespeare fez entre 1585 e 1592
Para a tristeza de seus biógrafos, Shakespeare desaparece dos registros históricos entre 1585, quando foram registrados os batismos de seus gêmeos, e 1592, quando Robert Greene o denunciou em um panfleto como um “oportunista”. O insulto sugere que ele já tinha feio um nome no cenário londrino. O que este pai recém casado e futuro ícone da literatura fez durante estes sete anos perdidos? Historiadores especulam que ele trabalhou como professor, estudou direito, viajou pela Europa continental ou se juntou a uma trupe de atores que estava passando por Stratford. De acordo com relato do século XVII, ele fugiu de sua cidade natal por ter caçado ilegalmente cervos de um político local.
5- Foi nas peças de Shakespeare que uma série de termos coloquiais apareceram de forma escrita
Acredita-se que William Shakespeare influenciou a língua inglesa mais do que qualquer outro escritor na história, popularizando termos e frases que eram usados nas conversas do dia a dia. Ele também leva o crédito por ter inventado nomes próprios como Olivia, Miranda, Jessica e Cordelia, que se tornaram populares com o passar do tempo (assim como outros, como Nerissa e Titania, que não ficaram tão populares assim).
6- Nós provavelmente não falamos o nome de Shakespeare corretamente – mas tudo bem, ele também não
Fontes sobre a vida de Shakespeare falam seu nome em mais de 80 maneiras diferentes, desde “Shappere” até “Shaxberd”. Na série de assinaturas que sobreviveram ao tempo, ele nunca escrevia seu nome completo “William Shakespeare”, usava abreviações e variações como “Willm Shakp”, “Willm Shakspere” e “William Shakspeare”. Seja como for a pronúncia, acredita-se que o sobrenome Shakespeare venha das palavras antigas do inglês “schakken” (brandir) e “speer” (lança), e provavelmente se referia a uma pessoa argumentativa e confrontadora.
7- O túmulo de Shakespeare foi protegido contra ladrões com uma maldição
Shakespeare morreu em 23 de abril de 1616, com 52 anos – nada mal para uma era na qual a expectativa de vida não passava dos 30 ou 40 anos. Nós podemos nunca saber o que o matou, apesar de um conhecido dele ter escrito que ele ficou doente após uma noite de bebedeira com o amigo Bem Jonson. Apesar de tudo, Shakespeare supostamente tinha meios para escrever o epitáfio de sua tumba, que fica localizada em uma igreja em Stratford.Com a intenção de afastar os numerosos ladrões de sepulturas que infestavam os cemitérios ingleses na época, os versos diziam: “Querido amigo, pelo amor de Jesus reprima-se / de cavar a poeira aqui encerrada. Abençoado seja o homem que poupar estas pedras, / E amaldiçoado seja aquele que mexer meus ossos”. O truque deve ter dado certo, já que os restos mortais de Shakespeare não foram, até hoje, perturbados.
8- Shakespeare usava um brinco dourado – ou, pelo menos, acreditamos que sim
Nossa noção sobre a estética e a aparência de Shakespeare vem da série de retratos do século XVII que podem ou não ter sido pintados enquanto ele estava sentado atrás da tela. Em uma das pinturas mais famosas, ele tem uma barba cheia, uma careca com cabelos atrás, gola da camisa frouxa e uma brilhante argolinha dourada na orelha esquerda. Mesmo no tempo de Shakespeare, homens com brincos eram sinônimo de um estilo de vida boêmio, como evidenciado em outros retratos de artistas elisabetanos. A moda pode ter sido inspirada pelos marinheiros, que usavam um único brinco de ouro para cobrir os custos do enterro no caso de morrerem ao mar.
9- Os 200 milhões de estorninhos norte americanos existem graças a Shakespeare
Os trabalhos de Shakespeare contêm mais de 600 referências a vários tipos de pássaros, de cisnes e pombas a pardais e perus. O estorninho – um pássaro lustroso e cantante com o dom de mimicar, nativo da Europa e da Asia – faz apenas uma aparição, em “Henry IV, parte 1”. Em 1890, Eugene Schiffelin decidiu importar para a América todos os tipos de pássaros citados em obras de Shakespeare que não existiam nos Estados Unidos. Como parte do projeto, ele soltou dois bandos de 60 estorninhos no Central Park, em Nova York. Cento e vinte anos depois, a espécie altamente adaptada tomou os céus americanos, se tornando invasiva e levando vários pássaros nativos à extinção.
10- Algumas pessoas acreditam que Shakespeare era uma fraude
Como um homem provincial e comum que nunca fez faculdade ou se aventurou para além de Stratford se tornou um dos mais prolíficos e eloquentes escritores da história? Mesmo no início de sua carreira, Shakespeare escrevia contos que dispunham de grande profundidade e conhecimento sobre questões internacionais, capitais europeias e história, assim como tinham familiaridade com a corte real e a high society.
Por esta razão, alguns teóricos já sugeriram que um ou mais autores que desejavam esconder suas identidades tenham usado a pessoa de William Shakespeare como disfarce. Alguns destes autores seriam Edward De Vere, Francis Bacon, Christopher Marlowe e Mary Sidney Herbert. A maioria dos historiadores de literatura permanecem céticos quanto a esta hipótese, ainda que muitos suspeitem que Shakespeare chegou a ter outros escritores como colaboradores.