Medalhista de de prata no Campeonato Mundial de Judô de 2022 e de bronze em 2023, a paulista Beatriz Souza, a Bia Souza, tornou-se campeão Olímpica na categoria acima de 78 quilos em sua primeira participação nos Jogos Olímpicos, em Paris, nesta sexta-feira (2).
A primeira medalha de ouro do Brasil foi conquistada com uma vitória na final por Wazari sobre a israelense Raz Hershko. Antes disso, ela venceu a líder do ranking mundial, a francesa Romane Dicko.
Nascida em Itariri e criada em Peruíbe, litoral de São Paulo, Bia tem 26 anos de idade, tem 1,78m de altura e pesa cerca de 115kg.
Trajetória
Sargento do exército, Beatriz Rodrigues de Souza nasceu em Itariri (SP), em 20 de maio de 1998, mas foi criada no litoral, em Peruíbe. Iniciou a prática do judô aos sete anos, por incentivo do pai. Motivo: era considerada uma criança hiperativa. Para convencê-la, Seu Poscedonio José de Souza Neto, também judoca, levou-a para assistir a um treino. Beatriz gostou e apaixonou-se pela modalidade. A primeira competição pela Seleção Brasileira Sênior foi em 2017, no Open da Eslovênia.
De lá para cá, Beatriz firmou-se como um dos principais nomes da delegação e candidata ao pódio nos grandes torneios sob a batuta de treinadores medalhistas olímpicos. A paulista de 26 anos tem como mentores Leandro Guilheiro, bronze em Atenas-2004 e em Pequim-2008; e Sarah Menezes, campeã na edição de Londres-2012. Hoje, Beatriz é a número cinco do mundo na categoria +78kg.
Casada com o ex-pivô de basquete Daniel Souza, 24, com passagem pelo Pinheiros no NBB, Bia viu o companheiro viralizar nas redes sociais nas comemorações.
A série e o jogo por trás do dia de glória
Quem viu a postura concentrada de Bia Souza levando ao chão cada uma das quatro adversárias na conquistas do ouro nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 não imagina a estratégia adotada por ela para aliviar a pressão nos intervalos entre as lutas. A judoca de 26 anos apostou em “armas” de entretenimento conhecidas dos brasileiros: o drama médico Grey’s Anatomy e o jogo Township.
A revelação da estratégia secreta partiu dela minutos após subir ao pódio na Arena Champ de Mars. Antes de entrar em ação, Bia Souza monta a tática de combate ao lado da equipe técnica. Acabando a parte analítica responsável por indicar a estratégia, a judoca não deixa a obsessão tomar conta do coração e da mente.
Aí entram Grey’s Anatomy e Towship. Beatriz assistiu aos episódios do famoso drama médico com 20 temporadas gravadas e passou tempo no jogo de celular, no qual o objetivo é montar “fazendinhas” com plantações, construções e alcançar metas. Os hobbies ajudam a judoca a lutar mais leve. “Temos muita pressão de torcedores, técnicos e nos cobramos horrores. Gosto de assistir à minha série. Faço toda a minha tática de luta antes. Tenho tudo ali na cabeça, tudo organizado”, explicou.
“Eu sou assim: muito focada, feliz e uma pessoa que gosta de levar a vida de uma forma leve, sempre pensando em fazer o bem, não só para mim, mas para todos que eu possa atingir de alguma forma, nem que seja uma inspiração como alguém pela televisão, pelo Instagram. Eu sou feliz, uma pessoa feliz. Mais feliz ainda”, reforçou Bia. Durante os Jogos, ela maratonou pela sétima vez os 420 episódios da série.
Bia Souza é a primeira atleta a ganhar o prêmio de R$ 350 mil como recompensa pelo ouro. Prata vale R$ 210 mil e o bronze R$ 140 mil. Mais do que o dinheiro. Ela também viu o número de seguidores ultrapassar a marca de 2 milhões no Instagram.
A maior recompensa, no entanto, é o amor próprio. Ela compete na categoria +78kg e pesa 134kg. “Se eu não amar meu corpo, quem vai amar? Quem vai trabalhar para que eu tenha condições físicas para competir e me sentir bem? Tenho que me amar não só por ser meu material de trabalho, sou feliz assim, minha beleza importa, sou linda”.