A data de 25 de julho é marcada como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Esta data vigora desde 2014, conforme decretado pela Lei n.º 12.987/2014, que homenageia a "Rainha Tereza". Ela foi uma líder de resistência do povo negro e indígena no período em que esteve à frente do quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, durante o século XVIII.
A história de Rainha Tereza
Nascida no começo do século XVIII, Tereza de Benguela foi uma mulher negra que liderou o quilombo do Piolho, também conhecido como quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia. Ela assumiu esse posto após a morte de seu companheiro, José Piolho, assassinado por soldados. Tereza acabou liderando o seu grupo ao longo de vinte anos, em um movimento que promovia a resistência à escravidão e à ação dos bandeirantes.
Chamada também de Rainha Tereza, ela viveu no Vale do Guaporé. Documentos revelam que o quilombo abrigava por volta de 100 pessoas — entre negros, indígenas e cafuzos (termo que era dado às pessoas de ascendência negra e indígena). Eles conseguiram resistir à perseguição da polícia durante vinte anos, até 1770, quando o grupo foi destruído pelas forças do tenente-coronel Luís Pinto de Sousa Coutinho.
Não se sabe ao certo como se deu a morte de Tereza, que também foi capturada com seu grupo em 1770. Alguns dizem que foi por suicídio ou por doença, mas a hipótese mais considerada por historiadores é que ela tenha sido executada por soldados. Sua cabeça então foi exposta no centro do quilombo.
Após sua prisão, um documento oficial registrou: “em poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe cortou a cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou para memória e exemplo dos que a vissem”.
O quilombo Quariterê
Registros históricos documentam que o quilombo Quariterê vivia sob um sistema de coordenação cooperativa, liderada por Tereza de Benguela. Havia lá uma espécie de parlamento, com conselheiros, onde as decisões mais importantes eram tomadas em grupo.
A comunidade vivia do cultivo de produtos agrícolas, como milho, feijão, mandioca, algodão, banana, e da venda dos produtos que sobravam. Diz-se que Tereza de Benguela era uma líder forte, que mantinha a defesa do quilombo a partir de armas obtidas com pessoas brancas ou adquiridas após confrontos. Seu poderio se estendia à vida administrativa, política e econômica do grupo.
A memória de Rainha Tereza é tida como razão de orgulho para os movimentos negros. Em entrevista ao G1, Antonieta Luísa Costa, que é fundadora do Casa das Pretas e presidente do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune), ressaltou: "tivemos a única mulher que foi rainha de um quilombo e que mostrou a importância e a força da mulher negra em todos os espaços desde a época da colonização".