Chaves: conheça a teoria sobre o seriado representar o inferno

Em meados dos anos 1980, o seriado Chaves chegou ao Brasil pelo SBT, sendo transmitido diariamente em diversos horários. Porém, em 2020, o Grupo Chespirito e a Televisa, detentores do direito dos episódios, decidiram pausar sua exibição corrente na televisão aberta, retirando ainda as produções criadas por Roberto Gómez Bolaños do catálogo de plataformas de streaming.

O inferno é na Vila do Chaves?

Ainda que seja em parte desconhecida, essa consiste em uma das teorias mais famosas sobre a produção desenvolvida durante os anos 1970 no México. A primeira pessoa que a considerou foi Ademir Luiz, um historiador que atua como professor e possui até mesmo pós-doutorado.

De maneira simples, para ele, a vila seria uma representação do inferno, mostrando pessoas que estariam pagando pelos pecados cometidos em vida. Sua principal hipótese é que o ciclo repetitivo visto na narrativa seria o grande castigo dessas figuras.

Além disso, o protagonista não possui um nome efetivo e é chamado, no original em espanhol, de "moleque" (el chavo). Por essa razão, o personagem poderia representar a inocência corrompida pelo pecado e também um modelo do que não se deve fazer. A teoria também postula que os outros personagens seriam representações dos sete pecados capitais.

Enquanto Seu Madruga seria a preguiça, por não gostar de trabalhar e, assim, dever 14 meses de aluguel, Seu Barriga seria a avareza ou ganância, por estar sempre pensando no dinheiro.

Para concluir, a teoria ainda ressalta que a repetição estaria centrada em momentos de extrema violência, seja física ou psicológica, de alguma maneira, ligada até mesmo aos pecados capitais de cada um dos personagens. Por exemplo, sendo um guloso, Chaves não poderia comer, o Professor e a Dona Florinda não poderiam se beijar, e assim por diante.

Embora essa teoria seja divertida, tudo não passa de teoria. Dentro dos estudos de narratologia, Chaves consiste em uma série procedural, isto é, possui ciclos episódicos com começo, meio e fim bem definidos. Assim, a progressão da narrativa não é impactada em um contexto geral e essa repetição seria natural nesses casos procedurais.

Na sequência, é preciso falar de Quico e Chiquinha. A teoria afirma que o bochechudo representaria a inveja, e a neta da Dona Neves seria a ira, pois está sempre estressada e querendo tirar vantagem de todos. Para completar, o próprio Chaves seria a gula, a Dona Clotilde a vaidade e a Dona Florinda junto do Professor Girafales representariam a luxúria com seus encontros repletos de romantismo e uma certa malícia.