Jovem autora roraimense levará obra à Bienal do Livro em São Paulo
A roraimense Angelina Peccini (@angela_peccini), de 19 anos, participará da 27ª edição da Bienal do Livro em São Paulo, apresentando sua obra “Tudo que escrevo me mata”, lançado pela Editora Urutau (@editoraurutau). A estudante de Direito aborda em seu livro temas que permeiam a juventude, como depressão, luto, amor, términos e a pressão de um início de vida adulta.
Angelina relata que escreve desde os 12 anos e, aos 19, teve a oportunidade de transformar seus textos escritos na adolescência em um livro.Sinopse
Tudo que escrevo me mata nasce conforme o eu lírico percebe o fim do amor e o fim de si. Conforme a ligação com o outro se quebra, o caminho para dentro dele é preenchido por todas as conversas que não aconteceram, todas as lágrimas que não escorreram e todas as pequenas discussões que se condensaram em um muro intransponível dividindo dois seres que haviam se escolhido. Conforme a relação morre, eu morria ao longo dos últimos cinco anos.
Um livro sobre o amor. Você é a inspiração de tudo que eu escrevo: da sensação de esperança, de paz, de abrir a porta de casa depois de chegar de uma viagem incrível ou de um dia estressante no trabalho, ou do cheiro de café de manhã. Da sensação de chegar em casa depois de fugir de você. Sobre como o amor é a âncora que te segura e que te afoga. Você fez do amor o peso de uma avalanche inteira.
Sobre como o amor é uma piscina perfeita até você crescer e perceber que, na verdade, era uma piscina infantil. Rasa. Milimétrica. Que vai transbordar se você se apoiar nela. De como a gente se desfez um dentro do outro e depois desfez o outro. Gelada demais nos dias amenos e fervente nos dias quentes. Deixei que meu corpo perdesse todo esse calor e que sentisse frio. Que as unhas ficassem roxas. Que meu cabelo congelasse.
Tudo que escrevo me mata é uma cronologia, uma memória coletiva de como a gente ama, se volta para dentro do outro e de como ir embora dói. Até hoje, tudo que eu chorei não foi intemperismo suficiente. Depois, de como a gente tem certeza de que superou, deu a volta por cima, virou a página e agora alega para todo mundo que não pergunta que foi melhor assim. Que os dois estão melhores assim. Exceto você. Mas volta e comete os mesmos erros. Mas vai e comete erros piores. Te recebo conferindo a data de validade para descartar o quanto antes e sei o quanto isso é cruel com você.
Este livro é a doença e eu não prometo a cura. Porque não sentir nada é um sentimento também.
Grandes nomes da literatura mineira
O que as histórias criadas entre as montanhas e cidades barrocas têm para dividir com o mundo? As artes criadas em Minas Gerais não decepcionam quando se trata de literatura: prova disso é a repercussão nacional desses trabalhos.
A literatura mineira forma um mosaico diverso, que reúne desde romances grandiosos e contos poéticos até crônicas humorísticas e obras infantis encantadoras.
Literatura nascida em Minas
Confira alguns destaques das carreiras literárias de escritores, poetas e desenhistas mineiros.
Adélia Prado
Adélia Prado é reconhecida pelos seus poemas, mas também se aventurou com obras direcionadas para o público infanto-juvenil.
O trabalho de Adélia se destaca pelo uso de linguagem simples, coloquial e trabalhar temas ligados à sexo, religião e morte.
Aos 88 anos, a escritora se prepara para publicar mais um livro, “O Jardim das Oliveiras”, embora ainda não tenha previsão de lançamento.
• Onde nasceu: Divinópolis
• Livros mais conhecidos: O Coração Disparado; O Pelicano; Quando Eu Era Pequena.
Ailton Krenak
Krenak é uma importante liderança indígena do Brasil. Conhecido pelo seu trabalho em torno de temas relacionados à natureza e reflexões sobre os impactos da crise ambiental.
Tomou posse recentemente na Academia Brasileira de Letras (ABL) como a primeira pessoa indígena a ocupar uma cadeira na instituição.
• Onde nasceu: Itabirinha
• Livros mais conhecidos: Ideias para adiar o fim do mundo; O lugar onde a terra descansa; O amanhã não está à venda; A vida não é útil; Futuro ancestral.
Carlos Drummond de Andrade
Poeta representante do modernismo brasileiro. Suas obras como poeta e prosador são marcadas por reflexões sobre a existência humana.
Os textos de Drummond se aprofundam na descrição de sentimentos difíceis de nomear, mas que ainda ocupam espaço.
• Onde nasceu: Itabira
• Livros mais conhecidos: A Rosa do Povo; Sentimento do Mundo; Alguma Poesia; Vasto Mundo.
Carolina Maria de Jesus
A autora trabalhou boa parte da sua vida como empregada doméstica, e surpreendeu ao lançar o primeiro livro,“Quarto de despejo”, que alcançou grandes volumes de vendas.
Apesar de ter lançado outros trabalhos, nenhum se comparou ao sucesso do primeiro. A temática do trabalho de Carolina era sobre a vida como uma mulher negra sobrevivendo aos desafios da favela e do racismo.
• Onde nasceu: Sacramento
• Livros mais conhecidos: Quarto de despejo; Casa de alvenaria (1961); Diário de Bitita (1986); Meu estranho diário.
Conceição Evaristo
O trabalho de Conceição Evaristo é marcado por relatos do que é viver pelo peso da opressão. A autora usa suas próprias vivências para escrever poemas, contos e romances a partir dessa ótica.
Conceição Evaristo é a primeira mulher negra a fazer parte da Academia Mineira de Letras. A honraria aconteceu em fevereiro deste ano.
• Onde nasceu: Belo Horizonte
• Livros mais conhecidos: Ponciá Vicêncio, Olhos d’água, Canção para ninar menino grande.
Fernando Sabino
O belorizontino começou no universo literário se aventurando por crônicas e como redator de jornais. Trabalhou no Rio de Janeiro, BH, e também fora do Brasil.
Seus trabalhos como escritor são marcados por reflexões existenciais, mas também por descrever a crônica do cotidiano por meio de ironia e humor.
• Onde nasceu: Belo Horizonte
• Livros mais conhecidos: O encontro marcado; O grande mentecapto; O menino no espelho; O homem nu.
Henriqueta Lisboa
Desde os seus primeiros trabalhos, a poeta chamou a atenção pela intensidade dos seus versos, e pelo uso de elementos considerados como parte do simbolismo literário – misticismo, espiritualidade e subjetivismo.
Além de poeta, Henriqueta Lisboa também tem diversas contribuições como ensaísta, professora e tradutora. Sua carreira é marcada por ter sido a primeira mulher eleita membro da Academia Mineira de Letras.
• Onde nasceu: Lambari
• Livros mais conhecidos: Fogo-fátuo; Flor da morte; Enternecimento.
João Guimarães Rosa
Uma das principais características do trabalho de Guimarães Rosa é o regionalismo: o escrever como se fala. Por respeitar a fluidez da comunicação, chegava a inventar palavras para representar a forma “solta” de conversa.
Nos seus trabalhos, sempre se percebe uma ambientação rural e as vivências das pessoas que fazem parte desse lugar.
Antes de lançar “Sagarana”, seu primeiro livro, escrevia crônicas em revistas semanais. Seu maior sucesso, o “Grande Sertão: Veredas”, é considerado uma obra-prima literária.
• Onde nasceu: Cordisburgo
• Livros mais conhecidos: Grande Sertão: Veredas; Sagarana; Corpo de Baile.
Rubem Fonseca
Seus trabalhos carregavam uma certa tensão – até por retratarem cenários que trazem suspense, típicos de romances policiais. Suas tramas trazem temas como violência urbana, desigualdade social e política, tudo permeado de uma forma envolvente.
O autor ganhou seis vezes o Prêmio Jabuti, um dos mais importantes do país, e também o Prêmio Camões, que reconhece o trabalho de autores de língua portuguesa.
Os trabalhos de Rubem Fonseca foram adaptados para a televisão e renderam várias minisséries (“Agosto”, “Bufo & Spallanzani”, “Lúcia McCartney”, “O Cobrador”).
• Onde nasceu: Juiz de Fora
• Livros mais conhecidos: Feliz ano novo; Agosto; A grande arte.
Ziraldo
As obras de Ziraldo eram marcadas por criatividade, humor, sensibilidade e compromisso com a liberdade de expressão.
Enquanto cartunista e escritor, criava personagens encantadores, histórias divertidas, mas que ainda deixavam espaço para reflexão e aprendizado sobre a vida.
• Onde nasceu: Caratinga
• Livros mais conhecidos: O Menino Maluquinho; FLICTS; A Turma do Pererê.
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O livro O Alquimista, do brasileiro Paulo Coelho, está prestes a ganhar uma adaptação inusitada. No Japão, o best seller de 1988 se tornará um mangá.
Segundo o Kadobun, o mangá será lançado em novembro deste ano, como parte da série KADOKAWA Masterpiece Comics, da editora Kadokawa, que adaptará livros cultuados para mangás. A arte de O Alquimista ficará com Tamaki Nakamura. Ainda não há informações sobre a distribuição no Brasil.
Agora nossas dicas para iniciar uma nova leitura nessa nova semana.
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Um comovente e hilário livro de memórias da estrela Jennette McCurdy sobre suas lutas como ex-atriz infantil – incluindo distúrbios alimentares, vícios e o complicado relacionamento com sua mãe autoritária – e como retomou o controle de sua vida. Jennette McCurdy tinha seis anos quando realizou seu primeiro teste para atriz. O sonho de sua mãe era que sua única filha se tornasse uma estrela, e Jennette faria qualquer coisa para deixá-la feliz. Então obedeceu ao que a mãe chamava de “restrição calórica”, comendo pouco e pesando-se cinco vezes por dia. Também sofreu extensos procedimentos estéticos “caseiros”, como na passagem onde a mãe insistia que Jennette tingisse os cílios: “Seus cílios são invisíveis, sabia? Você acha que a Dakota Fanning não pinta os dela?” Jennette chegou ao cúmulo de ser banhada pela mãe até os dezesseis anos, além de ser forçada a mostrar o conteúdo de seus diários e e-mails e compartilhar toda a sua renda. Em Estou Feliz que Minha Mãe Morreu, Jennette narra tudo isso em detalhes – assim como o que acontece quando o sonho finalmente se torna realidade. Lançada em uma nova série da Nickelodeon chamada iCarly, ela foi impelida à fama. Embora sua mãe estivesse em êxtase, enviando e-mails aos moderadores do fã-clube e tratando os paparazzi pelo primeiro nome (“Oi, Gale!”), Jennette sentia muita ansiedade, vergonha e autoaversão, que se manifestavam na forma de distúrbios alimentares, vícios e uma série de relacionamentos tóxicos. Tais problemas só pioraram quando, logo após assumir a liderança no spin-off de iCarly, Sam & Cat, ao lado de Ariana Grande, sua mãe veio a falecer de câncer. Finalmente, depois de descobrir a terapia e parar de atuar, Jennette embarcou na recuperação e passou a decidir, pela primeira vez na vida, o que realmente queria. Narrada com franqueza e humor ácido, Estou Feliz que Minha Mãe Morreu é uma história inspiradora de resiliência, independência e a alegria de poder lavar o próprio cabelo.
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Sally Diamond é uma mulher de poucas palavras e de poucos amigos. Ela mora numa casa isolada num vilarejo na Irlanda com o pai adotivo e não gosta muito de socializar. Segundo ele, a filha é “desconectada emocionalmente”. A mente de Sally, apesar de funcionar perfeitamente bem, segue uma lógica muito particular. Ela não tem muitas recordações de quando era criança e leva à risca tudo o que escuta. E é por isso que não consegue entender por que o que fez com o corpo do pai, depois de encontrá-lo morto certa manhã, foi errado. “Quando eu morrer, pode me jogar no lixo”, foi o que ele pediu.
Agora Sally não só é o assunto do momento no vilarejo, como o centro das atenções da imprensa e da polícia. Como se não bastasse toda essa confusão, ela encontra, no escritório do pai, três cartas escritas por ele contando a verdadeira história dela. E o que ela descobre é uma realidade extremamente cruel e violenta, capaz de causar danos irreparáveis em qualquer pessoa.
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Diz o antigo ditado que “Você é o que você come”. No romance Saboroso Cadáver, de Agustina Bazterrica, esse ditado é levado às últimas consequências. O livro conta a história de um vírus que se espalha entre os animais de todo o planeta e torna sua carne mortal aos humanos. Impossibilitados de utilizar os animais para a alimentação, a sociedade regulariza a criação e a reprodução de seres humanos como animais de abate, transformando o mundo num lugar cinzento, cínico e inóspito. Nesse romance visceral, grotesco, repleto de descrições vívidas e nauseantes capaz de nos alimentar na medida certa, vamos acompanhar a rotina de Marcos Tejo, funcionário do frigorífico Krieg,, que recebe de presente uma mulher viva, considerada “carne de primeira”. Ironicamente, esse funcionário parece ser o mais humano nesse mundo terrível. Seguindo seus passos, presenciamos o processo metódico da criação de pessoas, abates, experimentos de laboratório, caçadas humanas e suntuosos jantares canibais.
Boas leituras :)